"Inconscientes líricos" - Para Leoni Siqueira
Sempre o medo
De dar um passo
Além do passo,
Além do medo.
Depois, desenrolar
O confeito, conferindo,
Do jeito que dá,
A delícia que a vida
É, quando quer.
Assim, dado a tudo
Em redor, distraído,
Distancio-me de mim.
Nem mesmo o avião
Que parece passar
Tão devagar,
Lá no alto,
Nem mesmo o apito
Desafinado do guarda,
No trânsito, da babel
Dos meus rabiscos,
Sem distinta tinta,
Distinguir consigo.
Sim, até insisto
Em dizer que
É com prazer
Que a vida seguindo
Vai, com fios que sirvam
Para dar acesso
A novos labirintos.
Átimos para Átilas
E Atlas,
Outros Priscos,
Outros Virgílios,
Inconscientes líricos
Incontidos.
Sempre o mesmo medo
De saber-me incluído
Nesta imensidão
Que dá nós no coração.
Pois bem: de amigo
A amigo,
De disco a disco,
Livro a livro,
De mim vou-me redimindo
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