"A viagem definitiva" (Tradução de Adriano Nunes)
... E eu irei. E ficarão os pássaros
cantando;
e ficará meu horto, com sua verde árvore,
e com seu poço branco.
Todas as tardes, o cosmo será azul e plácido;
e tocarão, como esta tarde estão tocando,
as campanas do campanário.
Aqueles que me amaram morrerão;
e o povo se fará novo cada ano;
e no recanto aquele de meu horto florido e caiado,
meu espírito errará, nostálgico...
E eu irei; e estarei só, sem lugar, sem árvore
verde, sem poço branco,
sem cosmo azul e plácido...
E fincar-se-ão os pássaros cantando.
Juan Ramón Jiménez: "El viaje definitivo"
El viaje definitivo
…Y yo me iré. Y se quedarán los pájaros
cantando;
y se quedará mi huerto, con su verde árbol,
y con su pozo blanco.
Todas la tardes, el cielo será azul y plácido;
y tocarán, como esta tarde están tocando,
las campanas del campanario.
Se morirán aquellos que me amaron;
y el pueblo se hará nuevo cada año;
y en el rincón aquel de mi huerto florido y encalado.
mi espíritu errará, nostálgico…
Y yo me iré; y estaré solo, sin hogar, sin árbol
verde, sin pozo blanco,
sin cielo azul y plácido…
Y se quedarán los pájaros cantando.
Poemas agrestes (1910-1911)
JIMÉNEZ, Juan Ramón. Poemas agrestes. Antología poética. Prólogo y selección de Antonio Colinas. Madri: Alianza Editorial, 2006, p. 105.
Um comentário:
Este poema de Jimenez também a mim me fascinou. Quando eu era estudante em Coimbra, escolhi-o para a minha página do Livro dos Quartanistas que era - e penso que ainda será - tradição publicarmos. Acrescentei que para Jimenez a profecia se cumpriu... mas "há sempre uma incerteza sobre o que vai surgir para além da próxima curva". Entre aspas é uma citação dos ferroviários italianos numa entrevista que deram depois de um acidente de comboio.
Zé Manel Polido
Postar um comentário