sábado, 8 de junho de 2013

Adriano Nunes: "Proximidade"

"Proximidade"


Eu, só feixes de sintaxes e céu fechado.
Eu, disperso no quarto, sem o pó do sonho,
Atado à solidão que impera e põe-me à prova,
Devastado por tempos que nunca mais voltam.
Saudade inatingível de ser fome e efígie.

Por que entregar-me ao fluxo bruto do pensar
Ante a falta de esp'ranças? E por que injetaram
Tanto tédio em minh'alma e feriram sem dó
Meu coração? Não basta o furor de saber-me
Solitário, cansado, imerso em signo e ácaros?

Eu, só remorso e lágrimas, nesta manhã,
À procura do quanto de mim, em um êxtase
De existir, a insistir nos óxidos do oxímoro
Próximo, todo o amor, o que me afirma vate
E, à socapa, valer faz o infinito do agora.

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