sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Adriano Nunes: "Nem o tanto"

"Nem o tanto"


Se ainda digo 'amo', muito me engano.
O amor foi-se: Fez-se foice e desencanto,
Mas não deixou marcas, mágoas nem o tanto
De memória: Mostrou-se bem mais humano

E findou. Dia a dia e ano após ano...
Infiltrou-se em meu íntimo um frio espanto:
As rosas, os sonhos... Já não os decanto
Porque se finca o olvido leve e mundano

Agora entre as frestas do silêncio, enquanto,
Dilacerado, dou-me livre ao meu canto.
O amor não seria o enigmático plano

No qual amados e amantes veem-se, tanto,
Tortos, sob o fluir do tempo tirano,
Ante o espelho, o inevitável desengano?

2 comentários:

Anônimo disse...

Inquestionável qualidade em seu poema. Parabéns, poeta!

ADRIANO NUNES disse...

Caro Carlos,

muito obrigado!


Abraços,
Adriano Nunes