quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Adriano Nunes: "Até agora, quem?" - Para Mauro Sta Cecília​

"Até agora, quem?" - Para Mauro Sta Cecília​



Quem segura a
Poesia 
Na hora da Poesia?

Quem consegue fugir
Do seu cerco
De luz, laterna, lâmpada, farol de milha?

Quem a intimida
A ponto de
Indicar-lhe a saída?

Na hora da Poesia 
Quem é forte, de verdade,
O bastante para

Dizer não,  para pôr de lado
A imaginação, os assaltos
Súbitos, os sustos das sinapses,

Aquela vontade
De ter papel e lápis
À mão?

Quem se atreve
Ir na contramão
Dos seus métricos abraços,

Dos seus beijos de rimas,
De seus flertes de
Ritmos indescritíveis, insólitos até?

Eis que, aqui, onde é
Proibida a entrada
Dela, ela chega a pontapé,

Quebrando tudo, exigindo
Que se abram portas e janelas,
O que a vida encerra,

Na sala de aula, no quarto,
Até naquele momento exato,
Ela penetra,

E tudo que eu assim diga
À pessoa amada
De artimanha dela não passa.

Quem a amarra
Em sua hora sem hora, sem
Amarras, quem?

Nenhum comentário: