terça-feira, 20 de outubro de 2015

Adriano Nunes: "Ao ser mesclar-me"

"Ao ser mesclar-me"


Dizem que quase
Morro afogado
Naquela tarde
Em que me olhava
No claro lago.
Não sei de nada
Mais. Ninguém sabe,
Enfim. Só dados
E alguns boatos
Maldosos, claro.
Espelhos? Guardo-os
Trancafiados
Em uma sala
Das minhas almas.
E a plúmbea chave
Lancei ao vácuo
Do amor sem fala,
Líquida dádiva.
Mesmo enganado,
Dilacerado
Por causa da
Beleza estava -
Todos espalham
Isso, qual palha
Ao vento, água
Que no riacho
Corre, tão rápida.
Conversam alto,
Querem, de fato,
Que as Ninfas saibam,
Que bem sou náufrago
De mim, sem salva-
Vida, exaltado
Por ver-me, átimo
A boiar para
Sempre, a tentar
Ao ser mesclar-me,
Mera miragem.

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