"Uma canção sobre mim" (Tradução de Adriano Nunes, com recomendações de Antonio Cicero na parte IV do poema*)
I
Houve um menino travesso,
Menino travesso fora,
Em casa ele não parava,
Sereno sequer ficava -
Colocou
Em sua mochila
Um livro
Cheio de vogais
E uma camisa
E toalhas a mais -
Um sutil boné
Para a noite até -
Uma escova de cabelo,
Um pente pra o mesmo,
Meias novas
Para as antigas
Que se rasgarão Ô!
Esta mochila
Atrás rija
De ponta a ponta a fechou
E o seu nariz apontou
Para o Norte,
Para o Norte,
E o seu nariz apontou
Para o Norte.
II
Houve um menino travesso,
Menino travesso fora,
Nada mais ele faria
Só rabiscar poesia -
Pegou
Um tinteiro
Numa mão
E uma caneta
Quase vareta
Na outra mão
E em seguida
Com agitação
Correu
Aos montes
E fontes
E espíritos
E sítios
E feiticeiras
E ribanceiras,
E escreveu
No casaco seu
Quando o tempo
Estava fresco -
Medo de gota -
E ausente
Quando o tempo
Estava quente.
Ó, o encanto
Quando a gente escolhe
Ir com o nariz da gente
Para o Norte,
Para o Norte,
Ir com o nariz da gente
Para o Norte!
III
Houve um menino travesso,
Menino travesso fora,
Ele mantinha peixinhos
Em três tubinhos
Apesar
Do ordenar
Da empregada,
Do temor
Da boa vovó,
Ele com frequente
Rebeldia
Cedo acordava
E ia,
De todo jeito
Ao ribeiro
E trazia ao lar
O peixe-polegar,
Esgana-gato
Não tão pesado,
Carpas mirins
Tal qual mindinho
De uma luva,
Sem ultra-
Passar o tamanho
De um delicado
Dedinho
De um bebezinho -
Ó ele fez
(Era seu trabalho)
De peixe um belo bule,
Um bule -
Um bule,
De peixe um belo bule,
Um bule!
IV
Houve um menino travesso,
Menino travesso fora,
Ele fugiu para a Escócia
As pessoas para olhar -
Lá descobriu
Que a terra
Tão dura era,
Que uma jarda
Era tão larga,
Que uma canção
Era tão feliz,
Que uma cereja
Era tão vermelha,
Que o chumbo
Era tão pesado,
Que quatro vezes vinte
Eram tão oitenta,
Que uma porta
Era tão sólida
Quanto na Inglaterra -
Então ele se fincara,
E se maravilhara,
Ele se maravilhara,
Ele ali se fincara
E se maravilhara.
John Keats: "A Song About Myself"
I.
There was a naughty boy,
A naughty boy was he,
He would not stop at home,
He could not quiet be-
He took
In his knapsack
A book
Full of vowels
And a shirt
With some towels,
A slight cap
For night cap,
A hair brush,
Comb ditto,
New stockings
For old ones
Would split O!
This knapsack
Tight at's back
He rivetted close
And followed his nose
To the north,
To the north,
And follow'd his nose
To the north.
II.
There was a naughty boy
And a naughty boy was he,
For nothing would he do
But scribble poetry-
He took
An ink stand
In his hand
And a pen
Big as ten
In the other,
And away
In a pother
He ran
To the mountains
And fountains
And ghostes
And postes
And witches
And ditches
And wrote
In his coat
When the weather
Was cool,
Fear of gout,
And without
When the weather
Was warm-
Och the charm
When we choose
To follow one's nose
To the north,
To the north,
To follow one's nose
To the north!
III.
There was a naughty boy
And a naughty boy was he,
He kept little fishes
In washing tubs three
In spite
Of the might
Of the maid
Nor afraid
Of his Granny-good-
He often would
Hurly burly
Get up early
And go
By hook or crook
To the brook
And bring home
Miller's thumb,
Tittlebat
Not over fat,
Minnows small
As the stall
Of a glove,
Not above
The size
Of a nice
Little baby's
Little fingers-
O he made
'Twas his trade
Of fish a pretty kettle
A kettle-
A kettle
Of fish a pretty kettle
A kettle!
IV.
There was a naughty boy,
And a naughty boy was he,
He ran away to Scotland
The people for to see-
There he found
That the ground
Was as hard,
That a yard
Was as long,
That a song
Was as merry,
That a cherry
Was as red,
That lead
Was as weighty,
That fourscore
Was as eighty,
That a door
Was as wooden
As in England-
So he stood in his shoes
And he wonder'd,
He wonder'd,
He stood in his
Shoes and he wonder'd.
* Com recomendações precisas sobre o vernáculo de cada país envolvido na quarta parte do poema.
KEATS, John. "Complete poems and selected letters of John Keats". New York: The Modern Library, 2001, pages 315-319.
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