quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Adriano Nunes: "Desse amor embutido"

"Desse amor embutido"



O meu sorriso é símile ao sorriso 

Do meu pai. Descobri 
Isso nas ausências intempestivas 
Dos abraços e afagos que não tive,
Das conversas sérias e importantíssimas

Que com ele  existir 
Não puderam, quando, sozinho, via-me
Imerso em sombras, com medo de mim.
Mas são as frágeis  flores  do jardim
Que refletem a igualdade aludida
No mover facial. É a poesia 

Desse amor embutido
Nas lembranças suaves, nos sentidos,
Nos assaltos de vida,
Ante a confirmação mais que precisa
De que muito preciso
Que ao sorriso do meu pai vingue símile

Meu súbito sorriso.

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