"Trampolim" - Para Leo Cavalcanti
Deixemos a vida vagar
Pelas calçadas,
Pelas ruas cheias de cárie,
Pelas estradas que irão
Dar naquele lugar estranho,
Onde o horizonte se encaixa
Cegamente na visão. Vençamos
A quimera mágica,
Larguemos tudo, verdades,
Vestígios do que nos pensamos,
Promessas de mar...
Alguém algum dia dirá
Que havia alegria no âmago
Da paisagem.
Agora precisamos saltar,
Do trampolim, devagar,
Engendrar o quanto
Da ilusão, o tempo, o vasto
Silêncio do contato: O mar
Aberto, o coração.
Nada, nenhuma ressalva
Nos salva
desse afogamento. Claro,
Deixemos ao tubarão
A carcaça óbvia, muscular,
O fio da farsa, a fábula...
E voltemos, aos pedaços,
Ao lar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário