"Na intermitência do tédio"
Pela janela do quarto do hotel
Consigo ver o poema
Dissecar toda a cidade.
Apago o mesmo cigarro
Na intermitência do tédio.
Quem será que tanto sabe
Para que lado seguem as minhas certezas?
Por que agora, sem voz, elas me deixam?
Retorno ao espaço-morto do papel
Em branco. Arrisco alguns versos
E não sou capaz de saber onde me encontro.
Talvez Tebas, Pasárgada, Bagdá, Macondo...
Trucido o tempo, enquanto mal me penso.
Da janela do quarto do infinito,
Pressinto a noite desfazer os meus olhos.
Ao que me proponho, como saber?
A sólida solidão
É que me remete à busca
Da palavra certa. Tudo
É monótono, tudo me embriaga e
Encarcera-me... A paisagem
De passagem sobre as entrelinhas. A vida
E a morte a brincar, de cabra-cega, lá fora.
O ventilador do teto
Continua a girar, a girar, a girar...
Tudo é substantivamente secreto.
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