"Súplica"
Retirem-me desse estorvo,
Não necessito de cofre,
De prisão, de dentro estar
Do nada, não mais me forjo
Co' os nervos, músculos, ossos,
Resgatem-me disso logo,
Não me larguem nos grilhões
Da matéria, nessa treva.
Formem-me sem uma forma
Fixa, sem arquitetura
Ferida de pedra ou ferro,
Deixem que me saiba signo,
Cravem-me em outras moradas,
Entre oxímoros, metáforas.
Projetem-me feito um mote,
Protejam-me dessa esfera
Forjada em óbvios, à força,
Fundem-me numa figura
De linguagem, sem o nexo
Espúrio do status quo
Do mundo que se diz tudo.
Libertem-me deste espírito,
Devolvam-me o alívio, a vida,
Deixem-me virar um peixe,
Uma ave exótica, víbora,
Uma libélula alegre,
Um tigre dente-de sabre,
Em um verso, mesmo breve.
4 comentários:
É através da poesia que eu me consigo libertar. Ela me faz levantar o pé do chão e ir por aí.
Gostei muito deste poema, amigo Adriano.
Beijinho de amizade.
Isabel
Adriano,
que belo poema esse. Parabéns pela escrita tão forte. E obrigado por sempre visitar o blog, que bom que gostou dos textos. Tenho pensado muito neles e naquela temática.
Grande abraço.
Isabel,
Que alegria saber que você gostou desse poema! Obrigado! tento fazer o melhor para cada poema!
Beijos,
Adriano Nunes.
Arthur,
Sempre vou ao seu blog e adoro todas as suas postagens porque são precisas, "pescados vivos"! Fico feliz ao saber que você gostou do poema. De fato, costumo imprimir ritmo e métrica em meus poemas, para torná-los fortes, tensos e dramáticos. Vivo estudando poética e sei que é preciso para chegar aonde penso! Obrigado!
Abraço forte!
Adriano Nunes.
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