sábado, 9 de setembro de 2017

Adriano Nunes: "Poesia" - para Adriana Calcanhotto

"Poesia" - para Adriana Calcanhotto


A face mais fácil da palavra,
Qual é? Brada!
Qual a próxima astuta investida
Contra a lida
Que se alarga?
Será que dá pra ver esquecida
A mancada
Que tudo esfacelara e acabara,
Quando retirei do verso a máxima
Alusão
Demais íntima
Ao que em mim se via e arquitetava?
Bem deixaste
Escondidas a saída e a chave?
Para que
Macular
De tédio o tempo, o devir, a tara?
Que universo
A ti basta?
Por que rasgaste a última página
Da memória
Quando por ti atirei-me às máscaras
Do que vinga
Além, fora,
Da história parca que tinha nós dois
Qual metáforas?
Por que foste
Logo embora,
Deixando riscos, na folha alva,
Que não geram
Áleas, átimos, Ítacas, almas?
E por que
Dos meus braços
Tomaste a lira, a linguagem clara?
Por que, livre,
Já partiste,
Dizendo que também me adoravas?
Ah, e agora,
Poesia?
Com qual rima e qual metro te agarro
De vez, sem
Embaraços,
Neste momento de tudo ou nada?


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