sábado, 29 de julho de 2017

Adriano Nunes: "Astuta solidão" - Para a minha mãe

"Astuta solidão" - para a minha mãe


Quantos de mim em mim
Ainda há, intactos?
Trilhas pra ser amante,
Repressões pra importante
Ser... Pra que apenas ser?
Mil batalhas pra nada?

Ah, intrigas tão íntimas
Que em meu sonhar deságuam!
Quanto de mim mais sou
Nesta solidão vasta?
Quando enfim direi basta?
Ah, minério de máscaras,

Esboços para a alma
Que em mim cedo forjava-se!
Por que me fiz palavra
Solta, na folha alva?
Por que me dei a rimas
Raras, à proeza e táticas

Das metáforas, asas
Que de mim se exilavam?
Que fresta já é esta
Que se abre no olhar
Para que tudo estar
Possa além da lágrima?

Ah, coração aéreo,
Por que assim tens levado o
Eco do amor a sério?
De mim que agora faço?
Com que medo te cerco?
Versos não te ameaçam?


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