quarta-feira, 13 de maio de 2015

Adriano Nunes: "Outras fomes"

"Outras fomes"


Um querer
Pelo outro,
Feito troco
Ou dilema,
Qual um jogo.

Alvoroço
Pela pena,
Ou apenas
O giz grosso
De um esquema
Que não se
Apequena,
Por fazer-se.
Oximoro
De porquês
Que, tão logo,
Tudo encena.
Mesmo o óbvio
De um poema
Não é pouco.
Porque só
O poema
É que pode
Dar o norte
Pra o prazer.
Entre notas
Sem um tema e
Rasgos, nós
De propósitos
A romper-se.
Ó, labor,
Que dais gosto
De exercer!
Como posso,
Sem vós, ter-me?
Como provo
De mim, todo,
Sem saber
Que em vós, solto, o
Verso corre
Dos meus olhos
E, pra longe,
Foge? Como
Esquecer
Toda a hora
Em que exponho o
Mover do
Lápis - o esboço
Do meu ser -
Com amor?
Que propor
Senão novos
Horizontes,
Outras fomes
Ao leitor?

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