domingo, 10 de maio de 2015

Adriano Nunes: "Ode ao verso"

"Ode ao verso"


Aquela dor intensa
Aquela dor que dizes que sentes
Aquela dor que dizes que é intensa
Aquela que não mais aguentas
Cessa já
Cessará
Tudo digo tudo
Tudo tudo tudo
Aquela magna mágoa
Aquela mágoa que afirmas que tens
Aquela mágoa que afirmas que é magna
Aquela que não é de mais ninguém
Findará
Finda já
Tudo tudo tudo
Tudo digo tudo
Aquela raiva estranha
Aquela raiva que exaltas na fala
Aquela raiva que exaltas que é tanta
Aquela que parece à alma atada
Passa já
Passará
Tudo digo tudo
Tudo tudo tudo
Aquele amor exemplar
Aquele amor que exalas nas calçadas
Aquele amor que exalas ser mesmo eterno
Aquele amor que te tira do sério decerto
Sumirá
Some já
Tudo tudo tudo
Tudo digo tudo
A madeira o mármore o aço e o ferro
As estátuas o status o Estado o estilo
Os reinos repúblicas dinastias governos impérios
A pele a gordura a carne o osso o sangue o nervo o íntimo
Tudo digo tudo
Tudo tudo tudo
Rui já
Ruirá
Exceto o excelso verso
Que tudo tudo
Digo tudo
Tudo cantar

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