sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Adriano Nunes: "Ousa! Ousa!"

"Ousa! Ousa!"

Vem, ó Vida,
Nau precisa,
Leve leva-me
A teu cerne
De beleza,
Pra que tudo
Deste canto
Bem eu cante,
Pra que, junto
A ti, sonhos
Mais eu tenha,
Pra que versos
Mais eu leia,
Pra que músicas
Mais eu ouça,
Pra que gentes
Eu conheça,
E conheça-me
Mais e mais.
Ousa! Ousa!


Vem, ó Vida,
Barco alegre,
Singra, segue
Teu percurso
Neste mundo,
Sempre tesa,
Sempre tela,
Não a mesma,
Mas que mudes
Como um verso
Popconcreto,
Como o vento
Sobre a selva
De silício,
E, assim, dures,
Porque quero
De ti, Vida,
Toda a Vida,
Larga, lícita,
Elo e início.


Vem, ó Vida,
Grã jangada
De emoção -
Nunca um mero
Rastro, apenso,
Mas mar dentro,
Mar em volta,

Mar morável,
Sol se atando
A sóis, quanto
For possível.
Mais que isso:
Amor quântico
Pelos outros
Que te engendram,
Sem véus, vendas,
Sem um fim,
Um poema -
Grácil graça
Ter-te em mim.


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