sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Adriano Nunes: "Dor" - para Carmen Silvia Presotto

"Dor" - para Carmen Silvia Presotto


Desde a pele
Aos núcleos talâmicos,
Do finíssimo fio
De cabelo à ponta do hálux dedo,
Ela, soberana das horas
Menos esperadas,
Medeia a esquartejar os seus,
Paira sobre mim agora.
Não há travesseiro ou lençol
Que a mandem embora.
Não há analgésico potente
Que a faça desaparecer pela tangente.
Não há nada que se faça.
Nem prece, nem pranto, nem praga.
A dor não passa.
Lembranças de anseios antigos.
Momentos difíceis que trago comigo.
Quem sabe, fazendo estes versos,
Não se processe uma cordotomia
Do tracto espinotalâmico lateral.
Quem sabe? Quem saberá
Dizer como ter direito a um voo
No dorso de Pégaso,
Ter, enfim, uma alegria?

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