quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Adriano Nunes: "Acaso"

"Acaso"



Enquanto paro para
Abastecer o carro,
Percebo que, por baixo,
O óleo está vazando.
Está tudo a vazar:

Vida que se amalgama
Às quimeras da cama
Ainda, às esperanças
Infindas. Tantas dádivas
No suspense do acaso!

E consegue o mecânico
Descobrir onde escapam
Sóis de sangue da máquina.
Pela áurea manhã,
A rotina se alastra.

Mas eis que, além do asfalto,
Salvo por um olhar
Sou, por um flerte rápido
Que esquecer bem me faz
Que estou mesmo atrasado.

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