sábado, 10 de novembro de 2012

Pablo Neruda: "Hoy cuántas horas van cayendo"

"Hoy cuántas horas van cayendo" - Pablo Neruda


Hoy cuántas horas van cayendo
en el pozo, en la red, en el tiempo:
son lentas pero no se dieron tregua,
siguem cayendo, uniéndose
primero como peces,
luego como pedradas o botellas.
Allá abajo se entiendem 
las horas con todos días,

con los meses,
con borrosos recuerdos,
noches deshabitadas,
ropas, mujeres, trenes y provincias,
el tiempo se acumula
y cada hora
se disuelve en silencio,
se desmenuza y cae
al ácido de todos los vestígios,
al agua negra
de la noche inversa.




"Hoje quantas horas vão caindo" (Tradução de Adriano Nunes)




Hoje quantas horas vão caindo
no abismo, na rede, no tempo:
são lentas porém não tiveram trégua,
seguem caindo, unindo-se
primeiro como peixes,
depois como pedradas ou garrafas.
Lá embaixo se entendem
as horas com os dias,
com os meses,
co' as imprecisas lembranças,
noites desabitadas,
roupas, mulheres, trens e províncias,
o tempo se acumula
e cada hora
se dissolve em silêncio,
se esmiúça e cai
ao ácido de todos os vestígios,
à água negra
da noite inversa.










In: NERUDA, Pablo. "El mar y las campanas"

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