terça-feira, 6 de novembro de 2012

Adriano Nunes: "Meus rabiscos" - para Tânia Du Bois

"Meus rabiscos" - para Tânia Du Bois


Sou poeta.
Sempre o soube,
Sempre, sempre,

Mesmo quando
Era tudo 
Quase olvido.

Mas sê-lo
E sabê-lo
É tão pouco.

Sou poeta e
Não me prendo
A meus olhos

Nem às cápsulas
E as vãs regras
Da existência.

Vez por outra,
Com coragem,
Fico rente

Ao infinito e, i-
Merso em medo,
Feito Cronos,

Eu devoro os
Meus rabiscos,
Os meus filhos.

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