troca-se a trilha, tem-se
a vida toda para
persegui-la... sim, tenta-se
tudo: acasos, astúcias,
estratégias pra fugas,
lances, liames, lápis
à mão. mantém-se a mágica
há tanto carcomida;
ela 'inda serve, alguém
irá fazer o mundo
dar giros através
dela, porque prospera
a quântica quimera
dos gritos de grafite.
furta-se o sumo, sei.
foge, ó faisca, foge
do infinito de tudo!;
o amor é esse fóssil,
escavamos a entranha
da existência por ele,
dissecamos a teia
de silício e memória,
encaixamos o instante
de ser na tez diária,
enquanto éramos só
pólvora, susto, sombras.
tudo estava até pronto
pra tudo, menos nós,
espectros do pensar,
cinzas da consciência.
e não era só isso...
era o medo do vácuo
das saudades ignotas,
dos tempos empalhados
na ruptura do espírito,
nas ruínas do corpo,
ou mais e mais... permuta-se
a palavra: não basta
a miragem à flor
da linguagem, da máscara
do prazer! viveríamos
de tédio, da intempérie
do coração, sob grades,
gretas, grampos, agravos?
não! rasgamos os âmagos
dos gozos, por pirraça;
nem queríamos mais
nada, nem mesmo o bálsamo
do contato, da posse
táctil e visual,
do arcabouço sináptico
da alegria, dos sonhos.
íamos pela estrada,
contentes, mas confusos,
corríamos da falta
do que nos dissolvia,
quebrávamos as rédeas
dos perigos possíveis,
brincávamos de ter
privilégios divinos,
adivinhando o inútil
intervalo de sermos nós
a qualquer custo, sempre
à espreita de mais fôlego,
de mais força, de um fórceps
capaz de dar à luz
a nossa humanidade,
nossa estranha carência,
nossa desculpa cíclica,
porque éramos o pó,
iríamos ao pó,
sem haver um princípio.
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