quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Adriano Nunes: "Os bárbaros" - Para Fabiano Calixto

"Os bárbaros" - Para Fabiano Calixto




Os bárbaros
Abrigaram-se no báratro
Do meu cansado cérebro,
Deram-se às labaredas
Da vida,
Sem levantar bandeiras,
Sem um brinde qualquer.

Penso agora o silêncio
De silício - reerguido
Perante o emaranhado 

Desses circuitos íntimos, 
Condenados às constantes,
Aos conceitos da corte ,
Aos credores da morte,


Aos déspotas unidos,

Aos demônios dos dígitos -
E peso-o, agasalhando-me
Nos sóis do que me sinto.
Os bárbaros
Abarcaram os meus
Instintos, para tudo.

Desde os ofícios públicos
De fachada, fascista, à

Burocracia bruta
Dos bureaus literários
Água e cicuta, sempre
Dulcíssima, dos beat-

Níqueis comerciais,

Da crítica 

Antikantista, cítrica,
Dos deuses de grafite
Insuportáveis, mitos
Instantâneos dos atos
Repletos de  morfina e
Mofo, dos clichês chiques


À moda pós-moderna,
Disso, de mais e ainda 

Mais, do lixo, do nicho 
Mesquinho e 
Insalubre das salas
Das reuniões pra nada, 
Do surto psicoestético,
Salvaram-me



Os bárbaros.






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