No dorso móvel
Do monstro
Atlântico,
Verde-anil,
As três caravelas
Vão vagando.
Às vezes, as nuvens
Reverenciam o nume e
O infinito
Surge súbito
Sob formas diversas.
O caos
Causa ao lábio calcarino
Um medo líquido,
Ensolarado.
O corre-corre
(A via-crucis
Do convés), o salto
À vida, náufrago:
Até parece que
A bússola busca
Outro sonho magnético,
Outro solo submerso,
A Atlântida
Íntima,
Insólita, intensa.
Feito ímã,
Nasce a imagem
Da qui-
Mera mágica,
Através dos rumores
Da linguagem,
Enquanto o rumo
Dos barcos
Abriga-se no acaso
Temperado
Das intempéries.
Alimentados de além-porto,
Os marujos
Amarram-se a mares
Emaranhados,
Agora navegados.
Os sustos
Somam-se ao sumo
De tudo
E o mundo
Espelha-se miúdo,
Espúrio,
Na aventura prematura
De Portugal.
Singra o sangue
À procura da pátria
Tropical, sob a astúcia
De sagres.
As dez naus
Avançam... ( Gaivotas
Gritam, fazem graça
Na calota azulada)
Sem mistérios,
As velas vibram
Enquanto, de vez,
Fecha-se
A caixa de Pandora.
Quase ao fim,
Abril
Aborta Cabral
E sua esquadra,
Como se não bastasse
Mais nada.
Terra à vista!
Em porto oportuno,
O Brasil.
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