segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Adriano Nunes: "das ondas sinápticas e tudo"

"das ondas sinápticas e tudo"



partiram cedo.
os seus nomes eram o vestígio
do silêncio de grafite.
vez ou outra, ouve-se
o abalo sísmico
das ondas sinápticas e tudo
parece vir à tona, feito
lembrança.

partiram há intervalo de tempos
impossíveis, híbridos.
os seus corpos eram o vesúvio
e os seus instintos não eram
apenas de silício e síntese.
às vezes, rompe-se
a arquitetura do agora
e eles retornam, ávidos

por quimeras quânticas,
por vida. partiram ontem.
deixaram o nexo
sobre a escrivaninha.
a solidão os fez
correr até à varanda, num salto
óptico, desespero
de quem não tem o que perder.

que queriam tanto,
todas as madrugadas,
vasculhando as almas, vernáculos
íntimos, inconscientes insólitos,
invadindo violentamente o infinito?
partiram - era o seu segredo -.
eram os nômades...
alguns chamam-lhes de versos!





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