domingo, 23 de outubro de 2011

Adriano Nunes: "Sobretudo, sombras"

"Sobretudo, sombras"


Ainda que a mesa estivesse à vista,
Co' as rotineiras especiarias,
Esses cheiros conhecidos, palpáveis,

Com a arquitetura silenciosa
Das cadeiras, dos talheres, dos pratos,
Ainda que a visita anunciasse

A vinda, ainda assim, todo o pensar
Temia o inesperado, pois, de fato,
A ululante lembrança da toalha

Bordada, a vasta astúcia das crianças
Acolhidas sob a mesma, engendrava
Em meu peito um passado inacabado.

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