quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Adriano Nunes: "Segundo tempo"

"Segundo tempo"


Pensei, pensei, pensei... E era tudo
Artimanha sináptica,
Trama arquitetada


Pela solidão.
Andei
Um pouco


Pelas avenidas das vaidades, perto
Da orla dos orgulhos, antes da
Hora de decisão:

A meta poderia até dar certo, 

Mas o tédio, a dor, a enraizada raiva,
O ciúme, a cena vista - filtrada


Pelo lobo occipital
Ou imaginada? -
Tudo, tudo, tudo durou mais


Do que poderia, durou
Um segundo a mais, dourou
O que em mim fez-se alma e algaravia.

Voltei
Sem sequer me desvencilhar da ideia.
Era a melhor? Era


O que era e era ter dúvidas de mim
E de toda a roda-viva
Em volta, ante o estopim no peito.

Cerco fechado. Atento 

À vida que não mais teria,
Pus-me a amalgamar a margem do engano  e a


Verter a vida da vida noutra
Alegria. E, 

À socapa,  dormi,

Entre pernas e braços
 - Nunca mais me reconheceria -
Conhecidos. Depois,

Raiaria o dia:
Um corpo exposto, confuso, completo,
Cansado, a planejar dentro do sono


Um pedido de desculpas

Para o ser amado, 
Fazer um poema, 

Ter o prazer de fazer 
Apenas um poema. E, 
Ao leitor traidor, dá-lo. 


Nenhum comentário: