"Segundo tempo"
Pensei, pensei, pensei... E era tudo
Artimanha sináptica,
Trama arquitetada
Pela solidão.
Andei
Um pouco
Pelas avenidas das vaidades, perto
Da orla dos orgulhos, antes da
Hora de decisão:
A meta poderia até dar certo,
Mas o tédio, a dor, a enraizada raiva,
O ciúme, a cena vista - filtrada
Pelo lobo occipital
Ou imaginada? -
Tudo, tudo, tudo durou mais
Do que poderia, durou
Um segundo a mais, dourou
O que em mim fez-se alma e algaravia.
Voltei
Sem sequer me desvencilhar da ideia.
Era a melhor? Era
O que era e era ter dúvidas de mim
E de toda a roda-viva
Em volta, ante o estopim no peito.
Cerco fechado. Atento
À vida que não mais teria,
Pus-me a amalgamar a margem do engano e a
Verter a vida da vida noutra
Alegria. E,
À socapa, dormi,
Entre pernas e braços
- Nunca mais me reconheceria -
Conhecidos. Depois,
Raiaria o dia:
Um corpo exposto, confuso, completo,
Cansado, a planejar dentro do sono
Um pedido de desculpas
Para o ser amado,
Fazer um poema,
Ter o prazer de fazer
Apenas um poema. E,
Ao leitor traidor, dá-lo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário