sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Adriano Nunes: “A linguagem do amor”

“A linguagem do amor”


A linguagem do amor
É o silêncio - dizem os
Que temem falar sobre
Os sentimentos e os

Que já vítimas foram
Dos seus dolentes jogos.
Outros - e não são poucos! -
Porém, dizem que só

Dizendo muito do amor
É que, a priori, se pode
Entendê-lo melhor.
Há aqueles que, por

Medo ou timidez, logo
Que percebem o modo
De atuar do amor, põem
De lado a fala: os olhos

Usam como propósito.
Porque parece óbvio
Que do amar é ignoto
O sol. Outros dão voto

Para algo como a sorte:
A língua do amor move-se
Sem gramática ou norte.
Uma vez pensei - tolo

No todo - que era o amor
Que ditava do corpo
À alma, todo o escopo
Da linguagem, rei solto

De regras, pouco a pouco.
Que equívoco! O amor foge
Das palavras, dos nomes,
Para fincar-se forte

No coração dos homens.
Todo lugar é onde.
Todo tempo é corte.
Toda voz o consome.

Nenhum comentário: