“Yarelitzev”
Naquele dia, Yarelitzev morreu.
Não se ouviu pranto.
Não se ouviu pio de corujas.
Não foram vistos peregrinos na estrada
Que leva a Kranóvia.
Seu corpo estendido no piso frio do quarto
Apenas indicava que nada mais poderia
Ser feito para Yarelitzev.
Precisamos ter um pouco de calma.
Não se deve ter pressa para dizer dos mortos
Que eles não mais poderão ter sonhos,
Que eles não mais poderão ter sorte,
Que eles não mais poderão ter somas ou subtrações
Entre as subidas e descidas de escadas,
Entre o abrir-fechar das gavetas e o tilintar das moedas.
Sim, devemos ter cautela.
Os mortos podem não estar tão mortos
Como pensamos. Pode ser que sejamos
Nós os mortos e tudo se passa em flashback,
Como tortura ou alívio,
Como escárnio ou experiência de laboratório.
Naquele dia, sem saber por que morreria,
Entre o caos e o determinismo perigoso
Dos ponteiros do grande relógio da sala,
Yarelitzev constataria que a vida é breve.
Não se ouviu grito de desespero.
Lágrimas, quem poderia tê-las visto?
Ninguém acusou ninguém.
Nem o vazio de tudo pulsou seu horror.
A vida continua em Kranóvia. São dez para as dez.
Tudo se refaz. Parece que
Em algum lugar da casa, há um sentido
De ilusão ou desatino: o corpo
Despido, sem movimento algum.
Ah, vão dizer: é o velho Yarelitzev!
Será que irão mesmo dizer
Que a vida fora injusta e cruel
Para o velho Yarelitzev?
Naquele dia, Yarelitzev morreu.
Não se viu luz nas línguas de marfim.
Não se ouviu o uivo dos lobos.
Não foram vistos Dioniso e o séquito de ébrios na estrada de silêncios
Que leva ao vácuo da álea
De haver tudo e nada, perto do fim.
Seu corpo, outra metáfora, no liso piso do quarto
Apenas indicava que nada mais poderia
Ser feito para Yarelitzev.
Ninguém jamais perguntou se
A felicidade ao velho Yarelitzev
Ainda à verve serve?
Não se ouviu pranto.
Não se ouviu pio de corujas.
Não foram vistos peregrinos na estrada
Que leva a Kranóvia.
Seu corpo estendido no piso frio do quarto
Apenas indicava que nada mais poderia
Ser feito para Yarelitzev.
Precisamos ter um pouco de calma.
Não se deve ter pressa para dizer dos mortos
Que eles não mais poderão ter sonhos,
Que eles não mais poderão ter sorte,
Que eles não mais poderão ter somas ou subtrações
Entre as subidas e descidas de escadas,
Entre o abrir-fechar das gavetas e o tilintar das moedas.
Sim, devemos ter cautela.
Os mortos podem não estar tão mortos
Como pensamos. Pode ser que sejamos
Nós os mortos e tudo se passa em flashback,
Como tortura ou alívio,
Como escárnio ou experiência de laboratório.
Naquele dia, sem saber por que morreria,
Entre o caos e o determinismo perigoso
Dos ponteiros do grande relógio da sala,
Yarelitzev constataria que a vida é breve.
Não se ouviu grito de desespero.
Lágrimas, quem poderia tê-las visto?
Ninguém acusou ninguém.
Nem o vazio de tudo pulsou seu horror.
A vida continua em Kranóvia. São dez para as dez.
Tudo se refaz. Parece que
Em algum lugar da casa, há um sentido
De ilusão ou desatino: o corpo
Despido, sem movimento algum.
Ah, vão dizer: é o velho Yarelitzev!
Será que irão mesmo dizer
Que a vida fora injusta e cruel
Para o velho Yarelitzev?
Naquele dia, Yarelitzev morreu.
Não se viu luz nas línguas de marfim.
Não se ouviu o uivo dos lobos.
Não foram vistos Dioniso e o séquito de ébrios na estrada de silêncios
Que leva ao vácuo da álea
De haver tudo e nada, perto do fim.
Seu corpo, outra metáfora, no liso piso do quarto
Apenas indicava que nada mais poderia
Ser feito para Yarelitzev.
Ninguém jamais perguntou se
A felicidade ao velho Yarelitzev
Ainda à verve serve?
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