segunda-feira, 11 de março de 2013

Adriano Nunes: ‎"Que ainda poderia ser"

‎"Que ainda poderia ser"


Andava , às vezes, cabisbaixo.
Não era o mundo.
Não era o tempo.
Não era o grilhão do quarto.
Não era o meu coração.
Não era o pensar o mundo.
Não era o pensar o tempo.
Não era dar ousadia 
À mais furiosa taquicardia.
O sonho ficava por um triz.
Dilacerava-me insólita vontade
De ser...
E o verso era o bálsamo preferido,
O mais íntimo esconderijo
Onde, de fronte erguida,
Em mim abrigava a vida,
Onde era capaz de desafiar o infinito
De tudo
Que ainda poderia ser 
Dito, como se fosse preciso
Isso para desvendar-me.
E era feliz.

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