domingo, 30 de maio de 2010

Adriano Nunes: "Sobressalto"

"Sobressalto" 


É tarde! Tarde, tarde!
Grita aflito o relógio
Na parede do quarto.
É tarde! T
arde, tarde!

São quase quatro horas
Da madrugada. E nada.
Outro desejo 
encalha 
No travesseiro. E agora?

A minh' alma a hibernar
De amarras se liberta.
O infinito lá fora
Forja-se no silêncio


Que aterroriza e arde.
Em mim a mesma vida
Dá outra volta e volta
A ser a grande espera.


Estou muito cansado....
É tarde! T
arde, tarde!
Flecha-me o cego Ego
.
Penso em parar... Avanço,

Paro. Avanço. Não mais
Paro. Assim sigo e sangro:
Que instante raro, álacre!
Vibro. Vingo. Devolvo-me


Ao que em mim se renova.
Tudo é pólvora. E carne.
Que susto! Quem me sabe?

Como caber no espectro

Doutra finalidade e
Ir além, mais além...

De medos e mistérios?
É tarde! Tarde, tarde!

Um comentário:

gorettiguerreira disse...

Maneira linda de versejar poeta!
O tempo descrito dentro de um coração pensante que diz de sua inquietação.
Lindo demais sua dedicação.
Parabéns: Gorettistar