"Sobressalto"
É tarde! Tarde, tarde!
Grita aflito o relógio
Na parede do quarto.
É tarde! Tarde, tarde!
São quase quatro horas
Da madrugada. E nada.
Outro desejo encalha
No travesseiro. E agora?
A minh' alma a hibernar
De amarras se liberta.
O infinito lá fora
Forja-se no silêncio
Que aterroriza e arde.
Em mim a mesma vida
Dá outra volta e volta
A ser a grande espera.
Estou muito cansado....
É tarde! Tarde, tarde!
Flecha-me o cego Ego.
Penso em parar... Avanço,
Paro. Avanço. Não mais
Paro. Assim sigo e sangro:
Que instante raro, álacre!
Vibro. Vingo. Devolvo-me
Ao que em mim se renova.
Tudo é pólvora. E carne.
Que susto! Quem me sabe?
Como caber no espectro
Doutra finalidade e
Ir além, mais além...
De medos e mistérios?
É tarde! Tarde, tarde!
Um comentário:
Maneira linda de versejar poeta!
O tempo descrito dentro de um coração pensante que diz de sua inquietação.
Lindo demais sua dedicação.
Parabéns: Gorettistar
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