"Claro Enigma" - Para Carlos Drummond de Andrade
Ó, Esfinge, silêncio!
Quer despertar o verso
Do seu sono de pedra,
Do seu coma profundo?
O verso não precisa
De pálpebras abertas,
De pupilas atentas,
De estado de vigília.
Deixe o verso fugir
De algum feixe sináptico,
Sem pressa. Deixe-o vir
À tona, feito enigma.
Claro, à luz da razão,
Sem receio dos ecos
Das imagens... De si,
E só, precisa o verso.
segunda-feira, 31 de maio de 2010
domingo, 30 de maio de 2010
Adriano Nunes: "Sobressalto"
"Sobressalto"
É tarde! Tarde, tarde!
Grita aflito o relógio
Na parede do quarto.
É tarde! Tarde, tarde!
São quase quatro horas
Da madrugada. E nada.
Outro desejo encalha
No travesseiro. E agora?
A minh' alma a hibernar
De amarras se liberta.
O infinito lá fora
Forja-se no silêncio
Que aterroriza e arde.
Em mim a mesma vida
Dá outra volta e volta
A ser a grande espera.
Estou muito cansado....
É tarde! Tarde, tarde!
Flecha-me o cego Ego.
Penso em parar... Avanço,
Paro. Avanço. Não mais
Paro. Assim sigo e sangro:
Que instante raro, álacre!
Vibro. Vingo. Devolvo-me
Ao que em mim se renova.
Tudo é pólvora. E carne.
Que susto! Quem me sabe?
Como caber no espectro
Doutra finalidade e
Ir além, mais além...
De medos e mistérios?
É tarde! Tarde, tarde!
É tarde! Tarde, tarde!
Grita aflito o relógio
Na parede do quarto.
É tarde! Tarde, tarde!
São quase quatro horas
Da madrugada. E nada.
Outro desejo encalha
No travesseiro. E agora?
A minh' alma a hibernar
De amarras se liberta.
O infinito lá fora
Forja-se no silêncio
Que aterroriza e arde.
Em mim a mesma vida
Dá outra volta e volta
A ser a grande espera.
Estou muito cansado....
É tarde! Tarde, tarde!
Flecha-me o cego Ego.
Penso em parar... Avanço,
Paro. Avanço. Não mais
Paro. Assim sigo e sangro:
Que instante raro, álacre!
Vibro. Vingo. Devolvo-me
Ao que em mim se renova.
Tudo é pólvora. E carne.
Que susto! Quem me sabe?
Como caber no espectro
Doutra finalidade e
Ir além, mais além...
De medos e mistérios?
É tarde! Tarde, tarde!
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sexta-feira, 28 de maio de 2010
Adriano Nunes: "Aniversário"
"Aniversário"
Eu quero
De volta a
Fatia
Da infância
Tirada
De mim,
O sol
Daquele
Instante
Tão mágico,
O sonho
Da véspera,
De ver
Os velhos
Brinquedos
Trocados,
E tendo
Que em mim
Soprar
As velas
Com números
E cor,
Furar
Bexigas,
Cantar
O 'Para-
Béns pra
Você'
E nunca
Saber
Porquê
Crescer
Um dia.
Eu quero
De volta a
Fatia
Da infância
Tirada
De mim,
O sol
Daquele
Instante
Tão mágico,
O sonho
Da véspera,
De ver
Os velhos
Brinquedos
Trocados,
E tendo
Que em mim
Soprar
As velas
Com números
E cor,
Furar
Bexigas,
Cantar
O 'Para-
Béns pra
Você'
E nunca
Saber
Porquê
Crescer
Um dia.
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quinta-feira, 27 de maio de 2010
Adriano Nunes: "Retrato-falado" - Para a minha mãe
"Retrato-falado" - Para a minha mãe
Tantos palhaços no centro da praça,
Outrora. Eu era criança... Lembro-me
De que um grande circo ali se instalara,
Entre as batidas do meu coração.
Era a alegria imensa. Era festa
De primos e parentes e amiguinhos
Da minha rua. Era uma alegria e
Eu não sabia o que significava
Ter Alegrias. Ela nunca passa.
Ela finge que passa, passa. Pássaro
Pra longe voa. Por que pedra não
Canta? Que canto? Por que pedra não
Grita? Ela jamais responde nada.
Ela não me maltrata. Ela diz
Que quer mais. Ela sequer me arquiteta
De vez. A mesma vida vista. A vida.
A lida moldada em casa, pelos olhos
De minha mãe, por comedida graça.
Era portento preso ao coração.
A língua solta da empregada, aquela
Repleta de quimeras, de namoros
À porta. A vida era a porta, era
A janela, o sorriso dos rapazes,
Piscadela e flertes. Era o que era...
Cinderela, sempre à espera, mais real.
Banguela, sorrir ela não sabia,
E sorríamos por ela. Sorríamos
Tentando vê-la sorrir. Pressa tínhamos.
(Temo que em mim perceba que a tristeza
A impedir-me de ver com a leveza
Dela, a vida, sem dentes, sem sorriso,
Sem sua língua solta) Ela tinha
Planos e muitos retratos mofados
Guardados na gaveta do criado-
Mudo. (Que mundos havia em seu quarto?)
Ela sabia dizer 'I love you'.
Por enquanto, ela insiste em dizer
Que está cansada da velha batalha
Diária de panela e prato e pia.
Ela está cansada de tudo. Ela
Deu-se ao infinito, ao deus-dará, levando a
Vida no verso da vida do lar.
Ela é gigantesca. Ler Pessoa,
Camões, Padre Vieira. Vez ou outra
Arrisca-se e recita Homero e Horácio.
Ela vinga em mim. Nada é mesmo fácil.
Tantos palhaços no centro da praça...
Agora se desdobra o tudo ou nada.
Tantos palhaços no centro da praça,
Outrora. Eu era criança... Lembro-me
De que um grande circo ali se instalara,
Entre as batidas do meu coração.
Era a alegria imensa. Era festa
De primos e parentes e amiguinhos
Da minha rua. Era uma alegria e
Eu não sabia o que significava
Ter Alegrias. Ela nunca passa.
Ela finge que passa, passa. Pássaro
Pra longe voa. Por que pedra não
Canta? Que canto? Por que pedra não
Grita? Ela jamais responde nada.
Ela não me maltrata. Ela diz
Que quer mais. Ela sequer me arquiteta
De vez. A mesma vida vista. A vida.
A lida moldada em casa, pelos olhos
De minha mãe, por comedida graça.
Era portento preso ao coração.
A língua solta da empregada, aquela
Repleta de quimeras, de namoros
À porta. A vida era a porta, era
A janela, o sorriso dos rapazes,
Piscadela e flertes. Era o que era...
Cinderela, sempre à espera, mais real.
Banguela, sorrir ela não sabia,
E sorríamos por ela. Sorríamos
Tentando vê-la sorrir. Pressa tínhamos.
(Temo que em mim perceba que a tristeza
A impedir-me de ver com a leveza
Dela, a vida, sem dentes, sem sorriso,
Sem sua língua solta) Ela tinha
Planos e muitos retratos mofados
Guardados na gaveta do criado-
Mudo. (Que mundos havia em seu quarto?)
Ela sabia dizer 'I love you'.
Por enquanto, ela insiste em dizer
Que está cansada da velha batalha
Diária de panela e prato e pia.
Ela está cansada de tudo. Ela
Deu-se ao infinito, ao deus-dará, levando a
Vida no verso da vida do lar.
Ela é gigantesca. Ler Pessoa,
Camões, Padre Vieira. Vez ou outra
Arrisca-se e recita Homero e Horácio.
Ela vinga em mim. Nada é mesmo fácil.
Tantos palhaços no centro da praça...
Agora se desdobra o tudo ou nada.
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quarta-feira, 26 de maio de 2010
Adriano Nunes:" Regra cotidiana" - Para Betina Moraes
"Regra cotidiana" - Para Betina Moraes
Esquecer quem sou, claro.
Desligar-me de tudo.
Sobre o criado-mudo
Pôr o sonho, amar o
Instante raro, obter
Dessa lida, um poema:
Felicidade extrema,
Importante prazer.
Depois, andar à-toa,
Sem pressa, por aí,
Degustar açaí
E ser outra pessoa.
Adriano Nunes.
Esquecer quem sou, claro.
Desligar-me de tudo.
Sobre o criado-mudo
Pôr o sonho, amar o
Instante raro, obter
Dessa lida, um poema:
Felicidade extrema,
Importante prazer.
Depois, andar à-toa,
Sem pressa, por aí,
Degustar açaí
E ser outra pessoa.
Adriano Nunes.
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terça-feira, 25 de maio de 2010
Adriano Nunes: "Estratégia"
"Estratégia"
Mas era
Pra ti
O trem
O trilho o in-
Finito a
Viagem
Bagagens
Bagunça o
Rondó
O disco
Roído
Do Chico o
Retrato
Antigo
Da gente
Naquele
Domingo
O vento
O troco
A hora
Incerta
O adeus
O beijo
O amor
O outono o
Liame
Secreto o
Buquê
De rosas
Vermelhas
O doce
De ameixa
O sol
Já quase
Sumindo a
Matéria
O risco
O livro
De Cor
a Cor
Ali
Na a vez
Da vida
Num verso
O tédio
Não era
Pra ter-te
Apenas
Tecido
Só isso.
O que um
Poema
Esconde em
Seu íntimo?
Mas era
Pra ti
O trem
O trilho o in-
Finito a
Viagem
Bagagens
Bagunça o
Rondó
O disco
Roído
Do Chico o
Retrato
Antigo
Da gente
Naquele
Domingo
O vento
O troco
A hora
Incerta
O adeus
O beijo
O amor
O outono o
Liame
Secreto o
Buquê
De rosas
Vermelhas
O doce
De ameixa
O sol
Já quase
Sumindo a
Matéria
O risco
O livro
De Cor
a Cor
Ali
Na a vez
Da vida
Num verso
O tédio
Não era
Pra ter-te
Apenas
Tecido
Só isso.
O que um
Poema
Esconde em
Seu íntimo?
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segunda-feira, 24 de maio de 2010
Adriano Nunes: "Por isso é importante compor" - Para Caetano Veloso
"Por isso importante é compor" - Para Caetano Veloso
Atravesso o tempo sem ter-
Minar aquele antigo ver-
So: era tecer a lida, ver-
Tê-la do sonho e tudo ter.
Que mais querer eu poderia
Além de sóis, do ver, da qui-
Mera mágica viva, aqui,
Dentro de ululante alegria?
Deve haver um sumo-sentido
Guardado no coração, por-
Que um batimento é permitido
Quando o anterior cessa. Por
Isso, um poema ainda é lido,
Por isso importante é compor.
Atravesso o tempo sem ter-
Minar aquele antigo ver-
So: era tecer a lida, ver-
Tê-la do sonho e tudo ter.
Que mais querer eu poderia
Além de sóis, do ver, da qui-
Mera mágica viva, aqui,
Dentro de ululante alegria?
Deve haver um sumo-sentido
Guardado no coração, por-
Que um batimento é permitido
Quando o anterior cessa. Por
Isso, um poema ainda é lido,
Por isso importante é compor.
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sexta-feira, 21 de maio de 2010
Adriano Nunes: "Sem tempo"
"Sem tempo"
O tempo... O tempo
Passa, perpassa.
A tempo, o tempo
Tudo ultrapassa.
Às vezes, para longe vai.
E, quando acha
De repousar
Sobre o pensar,
Faz-se borracha...
E apaga-se. Não durará,
Parece. E falta.
E fere a vida,
E faz a vida,
E a vez exalta.
O tempo... O tempo
Passa, perpassa.
A tempo, o tempo
Tudo ultrapassa.
Às vezes, para longe vai.
E, quando acha
De repousar
Sobre o pensar,
Faz-se borracha...
E apaga-se. Não durará,
Parece. E falta.
E fere a vida,
E faz a vida,
E a vez exalta.
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quinta-feira, 20 de maio de 2010
Adriano Nunes: "Depois de horas" - Para Nydia Bonetti e Lou Vilela
"Depois de horas" - Para Nydia Bonetti e Lou Vilela
Agora me atravesso...
Ponte para o horizonte,
Ponte para estar longe,
Ponte pra mais além.
Lá fora me desperto
Para o tempo - que tédio!
Para a lida - que medo!
Para o verso - que amor!,
E um silêncio revolto
Captura-me... O meu ego
A temer o papel-
Alvo, o que sempre vem.
Agora me atravesso...
Ponte para o horizonte,
Ponte para estar longe,
Ponte pra mais além.
Lá fora me desperto
Para o tempo - que tédio!
Para a lida - que medo!
Para o verso - que amor!,
E um silêncio revolto
Captura-me... O meu ego
A temer o papel-
Alvo, o que sempre vem.
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sexta-feira, 14 de maio de 2010
Adriano Nunes: "De porcelana, a vida" - Para José Mariano Filho
"De porcelana, a vida" - Para José Mariano Filho
Pálida, a pele dela.
De porcelana, a vida
Da boneca sem vida
Vinga inerte, bela.
Sua veste, de renda,
Reveste a arquitetura
Pétrea, plácida, dura,
Estática, estupenda.
A pequena menina,
Artefato da China,
Possui alma mecânica.
Assim ela se cobre
De luz, de metal nobre,
De alegria galvânica.
Pálida, a pele dela.
De porcelana, a vida
Da boneca sem vida
Vinga inerte, bela.
Sua veste, de renda,
Reveste a arquitetura
Pétrea, plácida, dura,
Estática, estupenda.
A pequena menina,
Artefato da China,
Possui alma mecânica.
Assim ela se cobre
De luz, de metal nobre,
De alegria galvânica.
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terça-feira, 11 de maio de 2010
Adriano Nunes: "O cérebro"
"O cérebro"
Desço dos assombros sinápticos
Desiludido e deserdado.
Preciso dar-me ao inalcançável,
O meu tédio remediar
Com alguma vasta vontade,
Com alguma pirraça prática,
Escrever um verso e lançar-me
Aos liames do coração,
Debruçar-me sobre as calçadas
Da memória, enquanto a voz sangra,
Entregar-me ao descanso, ao salto
Dos sentidos, ser mais um náufrago
E fundo afundar-me nas montanhas,
No cerne do corpo, e cantar,
Impregnando sóis e os arquétipos,
Por bastar o flerte, a impressão
Da sustentação vertebral,
A medula, a máquina, as tantas
Medusas e Medeias mordazes,
A ideia, sim, a ideia, e mais nada.
Desço dos assombros sinápticos
Desiludido e deserdado.
Preciso dar-me ao inalcançável,
O meu tédio remediar
Com alguma vasta vontade,
Com alguma pirraça prática,
Escrever um verso e lançar-me
Aos liames do coração,
Debruçar-me sobre as calçadas
Da memória, enquanto a voz sangra,
Entregar-me ao descanso, ao salto
Dos sentidos, ser mais um náufrago
E fundo afundar-me nas montanhas,
No cerne do corpo, e cantar,
Impregnando sóis e os arquétipos,
Por bastar o flerte, a impressão
Da sustentação vertebral,
A medula, a máquina, as tantas
Medusas e Medeias mordazes,
A ideia, sim, a ideia, e mais nada.
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sábado, 8 de maio de 2010
Adriano Nunes: "Silêncio. Meu coração vibra" - Para a minha amada mãe
"Silêncio. Meu coração vibra" - Para a minha amada mãe
É manhã. Nunca saberia
Dizer-te plenamente tudo
Com palavras. Assim me iludo,
Tentando-te dar a alegria
Através destes versos e sonho
O momento raro da vida,
Ficção ali... N'água fervida,
O café, sem açúcar, ponho.
Sirvo-te e conversamos em
Silêncio. O meu coração vibra
Ao ver-te, Senhora de fibra,
De garra, de rugas também.
É manhã. Teu dia de festa,
Dia de ser filha, avó, pai,
De largar pratos, prantos... Ai!
É, mamãe, tudo amar nos resta.
É manhã. Nunca saberia
Dizer-te plenamente tudo
Com palavras. Assim me iludo,
Tentando-te dar a alegria
Através destes versos e sonho
O momento raro da vida,
Ficção ali... N'água fervida,
O café, sem açúcar, ponho.
Sirvo-te e conversamos em
Silêncio. O meu coração vibra
Ao ver-te, Senhora de fibra,
De garra, de rugas também.
É manhã. Teu dia de festa,
Dia de ser filha, avó, pai,
De largar pratos, prantos... Ai!
É, mamãe, tudo amar nos resta.
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sexta-feira, 7 de maio de 2010
Adriano Nunes: "Vida-verso" - Para Nydia Bonetti.
"Vida-verso" - Para Nydia Bonetti
Resta o verso.
A lida é
Nada, é tudo.
A lida é
Todo o resto.
Não me iludo.
Resta, o ver-
So. A vida é
Tudo, é nada.
A vida é
O reverso.
Que cilada!
Resta o verso.
A lida é
Nada, é tudo.
A lida é
Todo o resto.
Não me iludo.
Resta, o ver-
So. A vida é
Tudo, é nada.
A vida é
O reverso.
Que cilada!
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quinta-feira, 6 de maio de 2010
Adriano Nunes: "De versos e vez"
"De versos e vez"
Meu coração dis-
Para: a lida fez
De versos e vez.
Silêncios, não quis.
Meu coração dis-
Para: a lida fez
De versos e vez.
Silêncios, não quis.
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terça-feira, 4 de maio de 2010
Adriano Nunes: "Matéria-prima" - Para José Mariano Filho
"Matéria-prima" - Para José Mariano Filho
Procurar o
Momento raro,
Proclamar a
Vida, não para
Dá-la assim a
Datas. Acima
De tudo, vê-la
Brilhar, estrela,
Matéria-prima,
Melhor poema.
Procurar o
Momento raro,
Proclamar a
Vida, não para
Dá-la assim a
Datas. Acima
De tudo, vê-la
Brilhar, estrela,
Matéria-prima,
Melhor poema.
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