sexta-feira, 11 de maio de 2018

Adriano Nunes: "Como déjà vu"

"Como déjà vu"


Que a tarde bem caia,
Ainda que tarde
Demais. Talvez, seja
Mesmo tarde para
Vir do ser-em-si.

Ah, vou-te pedir
Que venhas aqui,
Para veres se,
No verso, mais raia
O amor que se fez

Nosso, apenas nosso,
Em cada horizonte
Utópico, se
Raia, além das dádivas
Do medo da arte.

Pode ser que venhas
Até bem mais cedo,
Poderá ser mesmo
Que quimeras tragas,
Mancadas, quem sabe,

As falas não ditas,
Tropeços e os erros
Que nos engendraram
Deste jeito, presos
A algum recomeço,

Silêncios inteiros,
Os gozos agônicos,
Os meus mitos gregos...
Quem sabe, o desejo
De o amor ser real.

Ah, porém se a tarde
Cair além do
Que previ, não te
Esqueças de vir,
Ao menos, assim,

Em minhas sinapses,
Tal esta memória,
Como vida agora,
Como sempre quis,
Como déjà vu.

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