sábado, 4 de março de 2017

Adriano Nunes: "A astúcia do tempo. É o tempo" - para Alberto Lins Caldas

"A astúcia do tempo. É o tempo" - para Alberto Lins Caldas


Há o horizonte da morte.
A morte domesticada, sob
A astúcia do tempo. É o tempo 
Que diz a cada gesto da morte
Como se exaurir, como se dá
Quando o gesto pouco importa.
Não se saberá jamais se a
Morte tem reinos ou rédeas.
Também não se saberá tudo
A respeito dos chiliques dela.
O corpo de Heitor, sangue e terra,
Ainda muito nos esfacela!
Às vezes, da janela do pensar,
As Parcas passam a parir a
Crueldade e o horror do mistério.
Essa tolice medíocre e vulgar
De cumprir um papel, de ter um
Tanto de identidade. O acaso
Parece dar as cartas, entediado.
Dizem ser a morte o disfarce
Do tempo. O seu mais nobre e
Brilhante disfarce. A sorte fora
Mesmo lançada? A esta altura as
Chamas devem estar devorando
O que virá a ser memória, tanto
Quanto puder ser. Troia já era!
Só o fedor festejante da fúria
Sobre os corpos, sobre os quase
Gritos. A cidade sob feras!
As ideias sob o braço forte das feras!
Ah, como ficamos insurgentes,
Demagogos insurgentes, de repente!
Como adoraríamos queimar na
Fogueira das vaidades todo o resto!
Ah, Páris, por que não escolheste Hera?

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