quarta-feira, 18 de maio de 2016

Adriano Nunes: "Yarelim e o Leviatã"

"Yarelim e o Leviatã"


Difícil retornar por essa estrada,
Cercada de sicários e sedentos
Seres pelo poder, pelo prazer
De serem entes ágeis, de momento.
Yarelim segue, passo a passo, claro
Que precisa encontrar quem o acompanhe
Nessa jornada dura: combater
O grã Leviatã. Grave problema
É descobrir quais são e quantos são
Os Leviatãs. Não se sabe mesmo
Nem onde eles estão e o que fazem.
Yarelim está só. Todos são ele.
Todos sofrem bastante a solidão
De serem todos sós. O nosso monstro
Aumenta a cada dia. Já não é tolo,
Conhece bem as regras do vil jogo,
Conhece cada canto do cosmo tático
Das vantagens políticas, não perde
Por devorar os sonhos de Yarelim.
Primeiro, destruindo as fatuais
Verdades, alterando dados, lógicas,
Fazendo a ideia ser o sol do medo.
A seguir, imprimindo a informação
Moldada na moral própria, somente
Para consolidar a lida toda
Como um mérito, sempre argumentando
Que da felicidade se retira
Outro significado para a vida,
Que do trabalho toma-se um propósito
Menos tóxico e fútil para o sangue.
E diz que a liberdade está ao alcance
Do suor maquinário, num contrato.
Yarelim segue tonto. Não está
Pronto para o desastre. A que lugar
É preciso chegar? Àquele poço
Sem fundo? Àquela via para o nada?
Yarelim não aceita o signo "ordem
e silêncio" jogado, em golpe forte,
Em sua face. Vê que a chance pode
Ocorrer a qualquer instante. Sofre.
Segue. São dois agora. Cem milhões?
Yarelim não precisa mais temer
Os bons modos retrógrados do monstro.
Segue. Só. De si solto. Quase pronto
Para reconhecer que alimentava
O grã Leviatã co'a própria alma.

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