"protótipo da tua ilusão"
então
queres que eu seja perfeito,
que não cometa nenhum erro,
que não tenha coração
para as delícias do coração,
que eu não tenha um
defeito sequer, não
pratique qualquer pecado,
que viva o engano gasto
de ser um protótipo
da tua ilusão?
e depois?
e depois do abandono,
dos escombros sombrios
da solidão, do silêncio
de silício, do desassossego
explícito, de estar perdido,
de não ter mais
escolhas, vontades, e só
ter pela frente o íntimo roído,
os meus sonhos que serão?
pretender quem me penso
prefiro, desafiando a fio
o infinito,
lançando-me ileso
ao báratro propício
que em meu âmago abrigo,
sem ter que te dar
quem me sinto,
qualquer satisfação.
então queres
o núcleo de tudo?
o verso não inventado?
as laringes de grafite?
o meu pranto?
as pedras,
os deuses,
as máquinas
sempre almejaram arder
humanamente.
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