segunda-feira, 6 de junho de 2011

Adriano Nunes: "A poesia tem os olhos dos outros"

"A poesia tem os olhos dos outros"



A poesia tem os olhos dos outros,
Enxerga o que quer,
Quando quer.
Quando não, finge
Decifrar, a áureo preço, 

Enigmas e esfinges.

As suas lágrimas são
De quântica ilusão,
Tal um crocodilo
Do Nilo,
Após cada mastigação.
A poesia, sempre esperta,


Espartana guerreira,
Burguesa germânica 
À livre feira, carrega
Na retina a distância certa
Entre o leitor e
O poeta.


Não subestimem mesmo
O seu olhar de Górgona
Carente, não o ponham, 
À prova,
Ante a violência súbita 
Da astúcia: 

À mera contemplação,
Tudo verte-se em pedra.




Um comentário:

Anônimo disse...

Ótimo, Adriano! Com essa sua até a poesia estremeceu.

Beijo.