"Aos caninos dos críticos"
O meu negócio é Poesia.
Portanto, não me venham com verdades
Esteticamente absolutas,
Com conchavos, confusões, conselhos.
Não sei o que é só ser.
Sinceramente me acerto em cheio
Todas as manhãs
Quando ouço o imaginado canto dos cantos
Dos galos e dos outros pássaros
Que só para mim parecem cantar...
À espera do primeiro rabisco,
À espreita dos timbres tímidos
Das laringes de grafite,
Essa vontade de importar
O que sou de tudo lá fora.
O meu negócio é ter fôlego para o agora.
Eu faço versos, e
Isto é o meu melhor mistério,
O meu intérprete.
Não me venham com soluções práticas
Para o que não se pode expandir
Em minha alma.
Eu me curvo ante a palavra que se faça
Ponte, porto, praia, prisma, pólvora,
Paraíso,
A palavra que me absorva,
Que possa dizer o que é preciso. Depois
Posso correr o risco de estar exposto
Aos caninos dos críticos,
Servido à moda da casa, despido.
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