terça-feira, 26 de abril de 2011

Adriano Nunes: "A linguagem"

"A linguagem"



Trancado nas proximidades
Do nexo
Da arquitetura do silêncio

Do quarto, sinto-me
Mais preso à solidão
Do que ao temporal
Meu labirinto.

Chove, sobre 

As emendas mal costuradas 
Dos meus desassossegos,
Quânticas quimeras,
Deliciosa tentação de não ser
Coisa alguma,
Depois das três e meia.


A lingua-
Gem me
Re-ceia: a
Sua inalcançável forma 
Deixa-me a ponto de
Rasgar a folha,

Ficar a querer as amarras ácidas
Da palavra impossível,
Enquanto o sangue das ideias
Esvai-se,
De veia em veia,
Através de um ritmo 

De corte.

Feito as estrelas,
Ante o instante para o seu ato
Mais substantivo, 
O verso espreita-me,
Por entre as frestas
Do cárcere mais íntimo,
Explicita-me...
Vaidades, voos, desesperos,
Solilóquios, desditas,

Amores, amarguras à moda,
Alegrias sem voltas,
Existência em êxtase,
Vontades infinitas...



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