sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Adriano Nunes: "Que fechem os olhos os meus amigos!"

"Que fechem os olhos os meus amigos!"



Veio ter com as Górgonas, ainda
Cedo. Não as encarou por receio,
Mas, como era difícil saber
Qual seria a Medusa das três feras,
Buscou o humano traço entre elas.
O que descende da Chuva de Ouro
Pelo reflexo do escudo observou
Das serpentes em movimento as sombras
Que em sua direção vinham, e logo
O resplendor da lâmina projeta-se
Sobre o insólito pescoço do monstro.
Polidectes outra astúcia arquitete,
Pois a cabeça viperina, em breve,
Receberá. Permanece Perseu
Vivo e esvai-se veloz. Ouvem-se os urros
De Euríale e Esteno. À tez do pavor,
A volta para Sérifo... E vos digo:
Que fechem os olhos os meus amigos!

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