segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Adriano Nunes: "Ó, solidão de sóis e riscos!"

"Ó, solidão de sóis e riscos!"


Madrugada. Sono é não ser.
Tantas tristezas impregnadas
Em minha face, aquela mágoa
Mesquinha, em busca de porquês...

Ah, por que temos que existir
Pra tudo, para o nosso íntimo?
Ah, por que temos que sentir
A dor de existirmos assim?

Tragam-me o vinho de Dioniso!
Tenho pressa! Tragam-me a Lira
De Erato! Tragam-me a esperança
De que esperar mesmo adianta!

Ah, por que dói-me o ser em si?
Por que me fere a expectativa
De haver saída intempestiva?
Por que esperamos o porvir?

Ó, solidão de sóis e riscos!
Tragam-me o ácido do amor,
Urgentemente! De Cupido,
As flechas acertem-me, às pressas!

Madrugada... Sonhar é ver
A ferida do agora aberta.
Ah, sofrimento multiforme,
Que queres fazer do meu ser?

Adriano Nunes

Nenhum comentário: