segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Adriano Nunes: “Economia”

“Economia”


Nasci sob os efeitos
Do Cruzeiro,
Em meio à ditadura,
À estrutura esdrúxula
De não ter direitos.

Cresci co’ a esperança
De ser verdadeiro,
Da ponta do pé
Ao cabelo.
Passo a passo,

Nos anos oitenta,
No fim de fevereiro,
Acertou-me em cheio
O Plano Cruzado,
Houve até retorno

Dos parcos Centavos.
Não demorou mesmo!
Um outro dinheiro,
- Eu já era um moço,
Ainda que tolo! -

O Cruzado Novo,
Com forte cruzado
Machucou meu bolso.
Sofrer não é pouco!
Até que em meados

De março, retorna
O Cruzeiro.
O mercado é solto!
Mudou-se a moeda,
A miséria é velha

O momento inteiro.
E o ser dilacera.
Depois, - nunca esqueço! -
Quase surreal!,
Das cinzas renasce

O Cruzeiro,
Agora Real.
Não durou
No total um ano
Sequer. De lá para

Cá, preciso, vejo,
Cair na real,
Na realidade
Cruel do Real.
Pois sou brasileiro.


Adriano Nunes 

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