"Sempre pra tudo ou nada"
Confesso, mesmo
Comigo decepcionado,
Que eu tentei, tentei.
Os romances com os romances
Eram só um rompante,
Apesar de inebriantes.
Os livros de filosofia me pesavam,
Enquanto a cerca meu eu pulava.
E, assim, sentindo-se traídos, ficavam,
No canto da estante, empoeirados.
Em que pensavam?
Que plano ou sistema arquitetavam?
Ah, a poesia! Ah, a poesia! -
O primeiro amor,
O que nunca passou.
Quantos versos a ela dedicados,
Quantos rascunhos, rabiscos,
Rasuras, registros inacabados!
Tudo por ela.
Tão somente por ela.
E ela só me queria quando não
Havia como, no ônibus
Sem papel ou lápis,
Na sauna de massagens,
Na rua, ante a multidão,
No sono, nas festas, na sala de aula,
Sempre pra tudo ou nada.
Queria que lhe desse
A minha palavra.
E como lhe dei,
Ao máximo! Mas eis
Que o meu melhor companheiro,
O que me tem à loucura levado,
Mesmo que a mim não se entregue
Por inteiro,
É o próprio vernáculo!
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