segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Adriano Nunes: "E quase sempre faltava uma palavra"

"E quase sempre faltava uma palavra"


E quase sempre faltava uma palavra.
(Era a vida em jogo por uma palavra)
O verso se dava como um feto morto
Retido no corpo, navio sem porto

A vagar no vácuo, no olvido da vida.
Como se nada tivesse a vez devida,
Assim era fazer um poema apenas:
Horas a fio, dores e duras penas!

Depois... E, talvez, nem houvesse depois
Para toda arte, sequer para mim. (Pois
Como poderia ter meu pensamento

Tamanha certeza à margem do que invento?)
Aos poucos, papel rasgado, outro rabisco
Surgindo, sugando-me, correndo o risco.







11 comentários:

Eleonora Marino Duarte disse...

adriano,


mesmo quando é o limite do ofício para você, versos ainda lhe ganham sem faltar nada...



imagens fortes, lirismos sentido,


lindo.


um beijo.

Ana Tapadas disse...

A palavra que falta é sempre a palavra necessária, não é?
Beijo

Janaina Amado disse...

Bem, o soneto é lindo, mas acho que, hoje, não há mais dores nem duras penas poéticas, a impressão que tenho é que hoje seus poemas brotam, você vive quase correndo atrás deles, para não perdê-los!
:-)

ADRIANO NUNES disse...

Betina,


Muito obrigado! Que felicidade!


Grande abraço,
Adriano Nunes.

ADRIANO NUNES disse...

Ana,


Sim.. e a palavra sempre requer mais que vida!


Grande abraço,
Adriano Nunes.

ADRIANO NUNES disse...

Janaína,


Muito obrigado!


Grande abraço,
Adriano Nunes.

vieira calado disse...

Gostei do seu soneto.

É uma arte difícil...

por onde às vezes me arrisco...

Um abraço

Mariana Botelho disse...

admiro seus sonetos. Te admiro, inclusive (mas não só) pelos seus sonetos. Nunca me aventurei num, covarde que sou. Me lembrou uns versos da Líria Porto:

garimpo

essa procura tem um nome - insanidade
passei da idade de tentar fazer soneto
eu só consigo escrever em cinza e preto
acho meu verso não alcança claridade

pelas gavetas prateleiras escondidos
ainda agarro pelo rabo alguns cometas
quero as estrelas só encontro suas tetas
sinto a fissura dos pequenos desvalidos

a minha escrita sempre foi penoso esgrima
desde menina que não tenho paradeiro
eu caço sapo com bodoque o dia inteiro
nessa esperança de catar a melhor rima

sou dos poetas dos botecos das esquinas
a salvação foi ter nascido aqui em minas

*


beijo procê, Driano! rs

Marcos disse...

Amigo, Adriano, belíssimos versos aos nossos sentimentos de leitura, prazer pela vida. Eu escrevi um poema dia 06/10, onde eu em busca da poesia, acabei parando com uma pedra de Itabira. Sendo que eu estava fincado numa cadeira em Poa. Grande abraço amigo! Deixo-te aqui o poema para degustá-lo!

Grande abraço!!!

Poeta


Poeta
Poeta
Poeta
Poeta
Poeta
Poesia
Poesia
Que rima
Com vida
Que enche
Meus olhos de alegria
Ao ler um poema de Drummond
Sobre uma pedra no meio do caminho

Lembrarei do dia cinco de outubro de 2009
Como a pedra de Itabira
Quando rabisquei folhas
Em busca da poesia

Poeta
Poeta
Poeta
Sem ponto e sem vírgula

Marcos disse...

Ops, estávamos em transe poético dia 05/10. Foi neste dia que escrevi o poema. E não dia 06/10. Saudades! Abraços!!!

ADRIANO NUNES disse...

Marcos,


Que bom que você está escrevendo poemas. Isso só nos engrandece. Muito bom!


Grande abraço,
Adriano Nunes