sábado, 5 de abril de 2014

William Shakespeare: "Sonnet 56"

"Soneto 56" (Tradução de Adriano Nunes)


Doce amor, renova-te; que não seja dito
Ser mais cego teu gume que teu apetite,
Que está saciado por ter hoje comido,
Mas amanhã co' antiga força está em riste.
Assim, amor, sê tu; embora bem se fartem
A piscar, plenos, teus olhares esfaimados,
Amanhã enxerguem novamente, e não matem
O espírito do amor com um perpétuo enfado.
Deixa este triste ínterim como o mar ser
Que separa a praia, onde um nubente par
Vem à orla diariamente, e por ver
O retorno do amor, mais ditoso é o olhar.
Ou então o inverno, que cheio de cuidado
Faz o verão três vezes mais raro e almejado.


William Shakespeare: "Sonnet 56"


Sweet love, renew thy force; be it not said
Thy edge should blunter be than appetite,
Which but today by feeding is allay'd,
Tomorrow sharpen'd in his former might:
So, love, be thou; although today thou fill
Thy hungry eyes even till they wink with fullness,
Tomorrow see again, and do not kill
The spirit of love with a perpetual dullness.
Let this sad interim like the ocean be
Which parts the shore, where two contracted new
Come daily to the banks, that, when they see
Return of love, more blest may be the view;
Else call it winter, which being full of care
Makes summer's welcome thrice more wish'd, more rare.


SHAKESPEARE, William. The sonnets and A Lover's Complaint. Edited by John Kerrigan. London: Penguin Classics, 2009, p. 58.

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