quarta-feira, 16 de abril de 2014

Adriano Nunes: "Do labor estético" - Para Alberto Lins Caldas

"Do labor estético" - Para Alberto Lins Caldas


Entrego-me ao verso,
Como aos ares Pégaso.
Liberto de mim,
Além dos confins
Do labor estético

Voo. Alegre, indago-me:
Serei mesmo o bardo
Que em si já não cabe
Por ser ecos tantos,
Propósito e arte,

Infinitos cantos
Alheios, poemas
Que me leem e amo,
Que em meu olhar ardem,
Vácuos e vontades?

Ou tudo é saudade
De um tempo que foi
Meu e em mim se deu
Perdido, por ter
Sido eu, decerto,

Quando era para
Arrancar a máscara
De mim e enfim ser
O autêntico, o outro,
Os poetas todos?

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