"Hino a Apolo" (Tradução de Adriano Nunes)
Deus do dourado arco,
E da dourada lira,
E do dourado pelo,
E do dourado fogo,
Cocheiro
Do paciente ano,
Onde - onde dormira tua ira,
Quando feito pálido tolo eu pus tua sorte,
Teu louro, tua glória,
A luz da tua história,
Ou fui um verme - rastejando para a morte?
Ó Délfico Apolo!
O Trovejador capturara e capturara,
O Trovejador enrugara-se e enrugara-se;
A delicada plumagem da águia
Pela ira tornou-se rígida - o som
Do produtivo trovão
Fora torporoso então,
Desestruturando-se em murmurante tom.
Ó por que tiveste pena, e por um verme
Por que tocaste teu suave alaúde
Até o trovão ficar mudo?
Por que não me esmagaste - qual ínfimo germe?
Ó Délfico Apolo!
As Plêiades ascenderam,
Observando o ar silente;
Na Terra as raízes e as sementes
Pelo passar do verão túrgidas ficaram;
O Oceano, seu vizinho,
No velho labor, sozinho,
Quando, quem - quem ousara
Atar, tal louco, em sua fronte a flora,
E rir e ver orgulhosamente,
E blasfemar altissimamente,
E viver pra tal honra, pra a ti inclinar-se agora?
Ó Délfico Apolo!
John Keats: "Hymn to Apollo"
GOD of the golden bow,
And of the golden lyre,
And of the golden hair,
And of the golden fire,
Charioteer
Of the patient year,
Where---where slept thine ire,
When like a blank idiot I put on thy wreath,
Thy laurel, thy glory,
The light of thy story,
Or was I a worm---too low crawling for death?
O Delphic Apollo!
The Thunderer grasp'd and grasp'd,
The Thunderer frown'd and frown'd;
The eagle's feathery mane
For wrath became stiffen'd---the sound
Of breeding thunder
Went drowsily under,
Muttering to be unbound.
O why didst thou pity, and beg for a worm?
Why touch thy soft lute
Till the thunder was mute,
Why was I not crush'd---such a pitiful germ?
O Delphic Apollo!
The Pleiades were up,
Watching the silent air;
The seeds and roots in Earth
Were swelling for summer fare;
The Ocean, its neighbour,
Was at his old labour,
When, who---who did dare
To tie for a moment, thy plant round his brow,
And grin and look proudly,
And blaspheme so loudly,
And live for that honour, to stoop to thee now?
O Delphic Apollo!
In: KEATS, John. "Complete poems and selected letters of John Keats". New York: The Modern Library, 2001, pages 290 e 291. Introduction by Edward Hirsch.
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