"Nada - Nem mesmo o tempo a ti faz jus"
Recolho dos meus olhos, coração,
- Eram as madrugadas da alegria -
O tesouro, palavra que seria
Dita por mim sem medo, uma canção
Grácil. Tua existência fora assim:
- Nosso cerne cansado da verdade -
Mais que sonho! Quem sabe nos invade
Outra estável vontade, sóis sem fim?
Decifras-me por ter-te como amigo,
Abrigando-me, alegre, em tua luz,
Ó, verso! Sinto estar pleno contigo,
Além da poesia. Bem supus
O que aconteceria - Não te digo
Nada - Nem mesmo o tempo a ti faz jus!
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
Adriano Nunes: "Fez-se só razão" - Para Antonio Cicero.
"Fez-se só razão" - Para Antonio Cicero
Fez-se só razão
Do vácuo dinâmico,
Extensa explosão,
Acima do barro,
Além das costelas.
Que ágil bactéria! -
Fosse talvez Eva?
Aquele gorila,
Adão, de viés?
As coisas que são?
Nunca houve pecado.
O cérebro pensa!
Outro grande achado,
Outra recompensa...
O cérebro pensa!
Fez-se só razão
Do vácuo dinâmico,
Extensa explosão,
Acima do barro,
Além das costelas.
Que ágil bactéria! -
Fosse talvez Eva?
Aquele gorila,
Adão, de viés?
As coisas que são?
Nunca houve pecado.
O cérebro pensa!
Outro grande achado,
Outra recompensa...
O cérebro pensa!
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segunda-feira, 23 de novembro de 2009
ADRIANO NUNES: "Em mim, só por um dia!"
"Em mim, só por um dia!"
Tendo que sentir tudo,
Sinto. O mundo é sem fim,
Enquanto, dentro, em mim.
Ai, por que, às vezes, mudo
O pensamento? Agora
Pesa todo o momento:
Em que impulso me invento?
Que Cila me devora?
Sonhei ter coração,
Teatro e algaravia...
Que densa sensação
Ser quem me perderia
(As fugas, quais serão?)
Em mim, só por um dia!
Tendo que sentir tudo,
Sinto. O mundo é sem fim,
Enquanto, dentro, em mim.
Ai, por que, às vezes, mudo
O pensamento? Agora
Pesa todo o momento:
Em que impulso me invento?
Que Cila me devora?
Sonhei ter coração,
Teatro e algaravia...
Que densa sensação
Ser quem me perderia
(As fugas, quais serão?)
Em mim, só por um dia!
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sábado, 21 de novembro de 2009
ADRIANO NUNES: "Arquivo vivo" - Para Antonio Cicero.
"Arquivo vivo" - Para Antonio Cicero.
Na estante, tudo
Que quero: o mundo,
O mais profundo,
Imóvel, mudo,
Quase um poema,
Onde estou salvo...
E em mira o alvo:
Vida suprema.
Na estante, tudo
Que quero: o mundo,
O mais profundo,
Imóvel, mudo,
Quase um poema,
Onde estou salvo...
E em mira o alvo:
Vida suprema.
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quarta-feira, 11 de novembro de 2009
ADRIANO NUNES: "Tarde intensa" - Para a minha mãe.
"Tarde intensa" - Para a minha mãe.
Tarda a noite
A cair.
Que fazer
nesta tarde
Que é sem fim?
Que querer
Desta vida
Tão sentida,
Dividida
Entre versos
E vontades?
Não há nada
Que me salve
De mim. Nem
Mesmo o tempo
Que é me dado.
Sou de fato
Toda angústia,
Bomba atômica
De sentidos...
Só preciso
Implodir!
Tarda a noite
A cair.
Que fazer
nesta tarde
Que é sem fim?
Que querer
Desta vida
Tão sentida,
Dividida
Entre versos
E vontades?
Não há nada
Que me salve
De mim. Nem
Mesmo o tempo
Que é me dado.
Sou de fato
Toda angústia,
Bomba atômica
De sentidos...
Só preciso
Implodir!
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terça-feira, 10 de novembro de 2009
ADRIANO NUNES: "Canção VI"
"Canção VI"
Descansa a minha vida,
Sob as vestes da aurora.
A alma se esvai agora,
Feito nuvem, perdida
Entre tanta miragem.
Todo sonho me invade
(Temo que seja tarde
Sentir tal gozo, à margem
Do amor, dessa alegria)
- De nada mais preciso -
Nenhum pranto, nem riso!
Salvar-me... Poderia?
Adriano Nunes
Descansa a minha vida,
Sob as vestes da aurora.
A alma se esvai agora,
Feito nuvem, perdida
Entre tanta miragem.
Todo sonho me invade
(Temo que seja tarde
Sentir tal gozo, à margem
Do amor, dessa alegria)
- De nada mais preciso -
Nenhum pranto, nem riso!
Salvar-me... Poderia?
Adriano Nunes
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segunda-feira, 9 de novembro de 2009
ADRIANO NUNES: "Sinto-me ser tantos"
"Sinto-me ser tantos"
Sinto-me ser tantos
Nessa solidão...
É que os sonhos dão,
Às vidas, encantos
Vastos, outra cor.
Sou mesmo infiel
Ao frágil papel
De ser quem só sou?
Ou meu coração
Abrigou-se apenas
Em densa emoção,
Sob profusas penas?
Custa-me ser tantos
Nessa solidão!
Sinto-me ser tantos
Nessa solidão...
É que os sonhos dão,
Às vidas, encantos
Vastos, outra cor.
Sou mesmo infiel
Ao frágil papel
De ser quem só sou?
Ou meu coração
Abrigou-se apenas
Em densa emoção,
Sob profusas penas?
Custa-me ser tantos
Nessa solidão!
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POEMA
domingo, 8 de novembro de 2009
ADRIANO NUNES: "O tempo ausente"
"O tempo ausente"
Entre nós dois,
Porvir, presente,
Devir. Depois,
O tempo ausente.
Procuro, à-toa,
A vida agora,
Outra pessoa
Em mim, lá fora.
Vejo o desejo
Roer o sonho.
Não tenho nada...
Que mesmo almejo?
Assim me exponho,
Minh'alma é dada.
Entre nós dois,
Porvir, presente,
Devir. Depois,
O tempo ausente.
Procuro, à-toa,
A vida agora,
Outra pessoa
Em mim, lá fora.
Vejo o desejo
Roer o sonho.
Não tenho nada...
Que mesmo almejo?
Assim me exponho,
Minh'alma é dada.
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segunda-feira, 2 de novembro de 2009
Adriano Nunes: Crítica Musical - "Adriana Partimpim II"
Adriano Nunes: Crítica Musical - "Adriana Partimpim II"
Continuar a ser o que é é quase uma impossibilidade e voltar a ser criança então? Mas "O amor modifica/ O amor a modo de ficar" e Adriana Calcanhotto, outra vez, resgata-nos dessa dor: "Todo mundo pode/ Pode tudo". É assim, abrindo alas à alegria e à infância, que começa esse encantador disco-sequência "Adriana Partimpim II".
O primeiro Partimpim revelou-nos o lado infantil dessa sublime cantora/compositora, com músicas lindamente escolhidas, arranjos doces, tudo certo e no lugar. Resultado: Sucesso de crítica e público... E a criançada adorou!
Agora o baile é mais além, "é massa" e tem "lugar pra qualquer um": Preto, branco, pobre, nobre, menino, menina, adulto, velho, jovem, moicano, plebeu, macedônico, gatinha, borboleta, todos os animais, você e eu.
Como não se espantar e não se admirar com o talento ímpar dessa menina-camaleoa, artista completa, madura, cantando, com tanta leveza e delicadeza, para qualquer público? As suas escolhas musicais perpassam o gosto popular, têm visão coerente com o ensino moderno, apresentando moldura límpida, objetiva, aberta, sem preconceitos, permitindo às criancinhas, desde já, ter acesso à Poesia, à História, aos ritmos todos, à boa música. Partimpim pode tudo... E nós ganhamos tudo dela mais uma vez.
O disco inicia-se com a bela marchinha carnavalesca "Baile Particundum" de autoria de Partimpim e Dé Palmeira. É uma alegoria contagiante, alegre. Dá vontade de sair pelas ruas cantando em voz alta.
A segunda música, "Ringtone de Amor", composta por Adriana, é uma pérola, novíssima bossa. Notar a mudança na letra conforme a música segue.
" O Trenzinho do Caipira", de Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar, e "Alface", de Cid Campos e Edward Lear, com tradução de Augusto de Campos, revelam o amor da menina Partimpim pela Poesia. A meninada entra em contato com o Concretismo... E que contato!
"Menina, Menino", de Adriana Partimpim, é uma ode ao amor. Muito boa!
Continuar a ser o que é é quase uma impossibilidade e voltar a ser criança então? Mas "O amor modifica/ O amor a modo de ficar" e Adriana Calcanhotto, outra vez, resgata-nos dessa dor: "Todo mundo pode/ Pode tudo". É assim, abrindo alas à alegria e à infância, que começa esse encantador disco-sequência "Adriana Partimpim II".
O primeiro Partimpim revelou-nos o lado infantil dessa sublime cantora/compositora, com músicas lindamente escolhidas, arranjos doces, tudo certo e no lugar. Resultado: Sucesso de crítica e público... E a criançada adorou!
Agora o baile é mais além, "é massa" e tem "lugar pra qualquer um": Preto, branco, pobre, nobre, menino, menina, adulto, velho, jovem, moicano, plebeu, macedônico, gatinha, borboleta, todos os animais, você e eu.
Como não se espantar e não se admirar com o talento ímpar dessa menina-camaleoa, artista completa, madura, cantando, com tanta leveza e delicadeza, para qualquer público? As suas escolhas musicais perpassam o gosto popular, têm visão coerente com o ensino moderno, apresentando moldura límpida, objetiva, aberta, sem preconceitos, permitindo às criancinhas, desde já, ter acesso à Poesia, à História, aos ritmos todos, à boa música. Partimpim pode tudo... E nós ganhamos tudo dela mais uma vez.
O disco inicia-se com a bela marchinha carnavalesca "Baile Particundum" de autoria de Partimpim e Dé Palmeira. É uma alegoria contagiante, alegre. Dá vontade de sair pelas ruas cantando em voz alta.
A segunda música, "Ringtone de Amor", composta por Adriana, é uma pérola, novíssima bossa. Notar a mudança na letra conforme a música segue.
" O Trenzinho do Caipira", de Heitor Villa-Lobos e Ferreira Gullar, e "Alface", de Cid Campos e Edward Lear, com tradução de Augusto de Campos, revelam o amor da menina Partimpim pela Poesia. A meninada entra em contato com o Concretismo... E que contato!
"Menina, Menino", de Adriana Partimpim, é uma ode ao amor. Muito boa!
A ótima canção "Na Massa", do Arnaldo Antunes e do Davi Moraes, ganhou uma interpretação memorável. É um dos grandes momentos do álbum.
"O homem deu nome a todos animais", de Bob Dylan e versão de Zé Ramalho, surpreende-nos. É o reconhecimento que Adriana dá ao trabalho pioneiro do Zé Ramalho.
O ápice desse genial conjunto artístico se dá justamente quando a maravilhosa canção "Alexandre", de Caetano Veloso, é interpretada de forma magnífica por Partimpim. "Alexandre" é uma obra-prima da música brasileira e está presente no excelente disco "Livro" de Caetano. Deve ser ouvida repetidamente!
"Gatinha Manhosa", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos, e "Bim Bom", de João Gilberto" encaixam-se adequadamente no projeto e brilham.
O disco termina com "As Borboletas", de Vinícius de Moraes e Cid Campos. Suave e linda. O baixo de Dé Palmeira nos faz viajar.
Acabou, mas... Que massa!
Adriano Nunes.
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CRÍTICA MUSICAL
domingo, 1 de novembro de 2009
ADRIANO NUNES: "Talvez, com versos"
"Talvez, com versos"
Nunca estou pronto
Pra a vida. Volto
Ao mesmo ponto,
Pasmo. Revolto,
Prendo-me a tudo,
A todo sonho.
- Ou só suponho
Quanto me iludo? -
Talvez, com versos,
Invente o amor,
- Seja o que for,
Serão só versos
Em mim imersos -
Com outra cor.
Nunca estou pronto
Pra a vida. Volto
Ao mesmo ponto,
Pasmo. Revolto,
Prendo-me a tudo,
A todo sonho.
- Ou só suponho
Quanto me iludo? -
Talvez, com versos,
Invente o amor,
- Seja o que for,
Serão só versos
Em mim imersos -
Com outra cor.
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ADRIANO NUNES: "Caso"
"Caso"
Vírgula a
Vírgula,
Cláusula a
Cláusula,
Sou
Seu,
Só
Seu.
Servo
Sem
Hora,
Verso-o,
Sem
Mora.
Vírgula a
Vírgula,
Cláusula a
Cláusula,
Sou
Seu,
Só
Seu.
Servo
Sem
Hora,
Verso-o,
Sem
Mora.
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