sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Adriano Nunes: Poemas Rondonienses

"Poemas Rondonienses"


"Enquanto me invento"



Peso o pensamento.
Em que tanto penso?
Meço o meu silêncio
Enquanto me invento.

O tempo é tormento.
Depois, quando, agora,
Sem volta, indo embora.
O que ainda aguento

Desse sentimento?
O que me incomoda?
Por que nada tento

Mudar? Em que moda,
Move-se o momento,
Se o poema o poda?





"É quase nada"



Falta um elétron
Para o amor ser completo.
Falta um só átomo
Para o amor ser compacto.

Falta um pedaço
Pra ser amor de fato.
Falta uma parte
Pra ser amor de filme.

Falta a mentira
Para amor de verdade.
Falta a metade
Do amor, para ser verso.





"Fragmento Noturno" (Para meu amigo Sócrates)




Foge ao coração
Volátil lembrança.
Os sonhos que são
Se a alma só os alcança?





"Todo amor é mesmo um mar" (para Isabel Santos)




Eu te amei e como te amei
Não mais poderia amar.
Todo amor é mesmo um mar.
Um rio fora da lei,

Eu era. Assim, como eu era,
A vida era quase dada,
Vibrava, de madrugada,
Volátil, à nossa espera.

Tudo era mera mentira.
Amor, vida, morte, verso,
O rio, o mar: Nada os vira.

Tudo era mesmo disperso,
Fora de foco, de mira,
Só mistério do universo.