"Puerto Viejo"
Mi incierto y dulce cielo,
Cuerpo luciente alado,
En memoria grabado,
Glorioso, grande y bello.
Nuevo horizonte, Puerto
Viejo, otro amor rendido.
Mi corazón, un ruido,
Al desengaño, muerto.
Silencio, cuasi un nudo
- Piedra, planta, persona -
Que tu peso corona
Con mi gemido mudo.
Porto Velho/Rondônia 30 de setembro de 2009.
Adriano Nunes.
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
domingo, 20 de setembro de 2009
Adriano Nunes: "À vista"
"À vista"
Em casa,
Outra casa me interessa.
Então,
Eu corro, com toda pressa,
Pra ver,
Da janela, em que se esconde
Tal lar.
Meu ser não sabe por onde
Começar a procurar.
O verso,
A vida que vou levar,
O ritmo,
O risco que vou correr,
A métrica,
A parte que vou perder
De mim
Enquanto me vejo em tudo,
Agora
Que importa? Penso desnudo
O mundo,
À porta do que há lá fora,
E o sonho
Sequer finda nem me leva
Embora.
Em casa,
Outra casa me interessa.
Então,
Eu corro, com toda pressa,
Pra ver,
Da janela, em que se esconde
Tal lar.
Meu ser não sabe por onde
Começar a procurar.
O verso,
A vida que vou levar,
O ritmo,
O risco que vou correr,
A métrica,
A parte que vou perder
De mim
Enquanto me vejo em tudo,
Agora
Que importa? Penso desnudo
O mundo,
À porta do que há lá fora,
E o sonho
Sequer finda nem me leva
Embora.
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POEMA
sábado, 19 de setembro de 2009
Adriano Nunes: "Drummond"
"Drummond"
Pesam os poemas
No papel. São pedras
Preciosas, pedras
Lapidadas, gemas
Geniais. Palavras
Pedras são, só pedras.
Pesam as tais pedras
Nos versos. Palavras
Têm peso medido.
Só, são cerusita,
Galena, anglesita,
Em lugar polido,
Rubi, rubelita,
Amada ametista!
Pesam os poemas
No papel. São pedras
Preciosas, pedras
Lapidadas, gemas
Geniais. Palavras
Pedras são, só pedras.
Pesam as tais pedras
Nos versos. Palavras
Têm peso medido.
Só, são cerusita,
Galena, anglesita,
Em lugar polido,
Rubi, rubelita,
Amada ametista!
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sexta-feira, 18 de setembro de 2009
Adriano Nunes: "Verso, que te quero"
"Verso, que te quero"
verso, que te quero
vasto, que te quero
visto, que te quero
verso, que te quero
vida, que te quero
verve, que te quero
verbo, que te quero
vida, que te quero
livro, que te quero
livre, que te quero
leve, que te quero
livro, que te quero
vício, que te quero
veste, que te quero
vídeo, que te quero
vício, que te quero
visgo, que te quero
virgem, que te quero
vítreo, que te quero
visgo, que te verso.
verso, que te quero
vasto, que te quero
visto, que te quero
verso, que te quero
vida, que te quero
verve, que te quero
verbo, que te quero
vida, que te quero
livro, que te quero
livre, que te quero
leve, que te quero
livro, que te quero
vício, que te quero
veste, que te quero
vídeo, que te quero
vício, que te quero
visgo, que te quero
virgem, que te quero
vítreo, que te quero
visgo, que te verso.
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quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Adriano Nunes: "Maragogi"" - Para Janaína Amado
"Maragogi"" - Para Janaína Amado
Agora Maragogi,
Agarro-me todo ao mar.
Aguento-o. Por tudo amar,
Água, sal, Sol, convergi
Ao teu brilho, abrindo o céu,
Abrigando todo o ver-
So: prata praia, rever-
Tendo-me em miragem, céu
No mar, mergulho profundo
Na paisagem, pensamento,
De passagem pelo mundo,
Ambíguo, grande tormento
Em que meus olhos circundo,
Prisma com que me alimento.
Agora Maragogi,
Agarro-me todo ao mar.
Aguento-o. Por tudo amar,
Água, sal, Sol, convergi
Ao teu brilho, abrindo o céu,
Abrigando todo o ver-
So: prata praia, rever-
Tendo-me em miragem, céu
No mar, mergulho profundo
Na paisagem, pensamento,
De passagem pelo mundo,
Ambíguo, grande tormento
Em que meus olhos circundo,
Prisma com que me alimento.
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segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Adriano Nunes: "O pequeno pardal" - Para Édith Piaf
"O pequeno pardal" - Para Édith Piaf
No prostíbulo, mal
Poderia pensar
Em planar, em pleno ar,
O pequeno pardal
De Paris. Da pobreza
Ao primeiro poema,
A promessa suprema
Dos palcos. Que proeza
Plástica do porvir!
Do pássaro à pessoa,
De quem vive a quem voa,
Do verso que servir
Ao que o coração soa,
À canção, mesmo à-toa.
No prostíbulo, mal
Poderia pensar
Em planar, em pleno ar,
O pequeno pardal
De Paris. Da pobreza
Ao primeiro poema,
A promessa suprema
Dos palcos. Que proeza
Plástica do porvir!
Do pássaro à pessoa,
De quem vive a quem voa,
Do verso que servir
Ao que o coração soa,
À canção, mesmo à-toa.
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sexta-feira, 11 de setembro de 2009
Adriano Nunes: "Desencontro"
"Desencontro"
Eu não me encontro
Em nenhum verso.
Vivo disperso
Num desencontro
Eterno, preso
Ao tempo. Enfim,
Procuro a mim
Em mim. Que peso!
De madrugada,
Pleno apogeu:
Penso ser eu
E não sou nada.
Eu não me encontro
Em nenhum verso.
Vivo disperso
Num desencontro
Eterno, preso
Ao tempo. Enfim,
Procuro a mim
Em mim. Que peso!
De madrugada,
Pleno apogeu:
Penso ser eu
E não sou nada.
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quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Adriano Nunes: "Pepita" - Para Glauco Mattoso
"Pepita" - Para Glauco Mattoso
Todo poema tem data
Pensada, tempo de vida
Indeterminado, lida
Com liames, nós desata,
De tudo trata, retrata
Tudo, sofre e sempre dita
A regra do jogo, fita
A métrica, toda nata
Da alma, à palavra, credita
Vingar, à luz dilatada,
Procura-a, a pura pepita
Perdida, nessa empreitada
Sináptica, não transcrita
À prova do tudo ou nada.
Todo poema tem data
Pensada, tempo de vida
Indeterminado, lida
Com liames, nós desata,
De tudo trata, retrata
Tudo, sofre e sempre dita
A regra do jogo, fita
A métrica, toda nata
Da alma, à palavra, credita
Vingar, à luz dilatada,
Procura-a, a pura pepita
Perdida, nessa empreitada
Sináptica, não transcrita
À prova do tudo ou nada.
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Adriano Nunes: "Poema" - Para a minha amada mãe
"POEMA" - Para a minha amada mãe
Poema: ponte
Entre o poente
E o sol nascente,
Formosa fonte
Da juventude,
Felicidade
Que tudo invade,
Que tudo ilude,
Primeiro amor,
Primeiro laço,
Prisma a compor,
Onde me caço,
Sublime ardor
Em que me faço.
Poema: ponte
Entre o poente
E o sol nascente,
Formosa fonte
Da juventude,
Felicidade
Que tudo invade,
Que tudo ilude,
Primeiro amor,
Primeiro laço,
Prisma a compor,
Onde me caço,
Sublime ardor
Em que me faço.
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segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Adriano Nunes: "Tempo"
"Tempo"
Tempo para o quê?
Tempo para quando?
E até mesmo quando
Ou mesmo por quê?
Tempo para o verso
Ou versos ao tempo
Desse contratempo
Temido e perverso?
Por que o tempo passa
Demolindo a linha
Da vida que é minha
E tudo devassa
E tudo devora,
Símiles, opostos,
Mantendo-os expostos
No momento agora?
Por que não se despe-
De, volta a ser deus
E vislumbra os seus,
Do céu, não se despe
Do relógio, dígito
Do despertador,
De toda essa dor,
Do caos que cogito?
Por que nunca foge
De si, da Seara-
Láctea, gira e pára
Para ver São Jorge
Na Lua e na sua
Responde: Pra quê?
Pra quando? Por que
Mais se perpetua?
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domingo, 6 de setembro de 2009
Adriano Nunes: "Exérese poética"
"Exérese poética"
É preciso expor o poema
No vão da folha, revelá-lo
À vista, dentro do intervalo
Existente, exérese extrema,
Suprimindo qualquer verdade,
Qualquer promessa, mesmo que
Pese a pergunta 'mas por quê?'
Relevando tudo mais tarde?
Ou quem sabe abraço esse fardo
Factível de fracasso e farpa
E, refaço a vida, enquanto ardo,
Enquanto nem um verso escapa
Ao corte temido do dardo
Lançado por mim, à socapa.
É preciso expor o poema
No vão da folha, revelá-lo
À vista, dentro do intervalo
Existente, exérese extrema,
Suprimindo qualquer verdade,
Qualquer promessa, mesmo que
Pese a pergunta 'mas por quê?'
Relevando tudo mais tarde?
Ou quem sabe abraço esse fardo
Factível de fracasso e farpa
E, refaço a vida, enquanto ardo,
Enquanto nem um verso escapa
Ao corte temido do dardo
Lançado por mim, à socapa.
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sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Adriano Nunes: "Retratamento intensivo"
"Retratamento intensivo"
Todo poema tem pernas,
Perambula por aí,
Passeia, tonto tropeça,
Às vezes, foge de si,
Vadia, vagueia só,
Vagabundo, solto, bêbado,
Às vezes, fratura um osso,
Fêmur, fíbula, uma vértebra,
Ou surge com pé quebrado.
Todo poema tem braços
Rimados ou livres, laça
Vácuos, abraça metáforas,
Atira pedras, as asas
Inventa com as palavras,
Atiça-se , acena adeus.
Todo poema tem olhos
Vendados e bem abertos,
Flerta o que quer, quando quer
Cega, observa, mira, admira,
Penetra através das frestas
Das pupilas, feito luz,
Profundo, no olhar alheio,
Vasculha os nervos, os músculos,
Desvenda-se por ser único
E muitos, todos e tudo
E nada: pálpebras, prisma,
Ponte, precipício, lágrima.
Todo poema tem língua,
Boca, dentes, lábios, glote,
Grita, bebe, come, morde,
Fala, xinga, berra, cala,
Tem a voz aguda ou grave,
Vibra a fibra da garganta
De grafite da memória,
Das páginas apagadas
Do agora: diz o que diz.
Todo poema tem pênis,
Vulva, vagina, testículos,
Ovários, útero, trompas,
Excita e fica excitado,
Transa, masturba-se, goza,
Engravida, aborta, pare.
E como rejuvenesce,
Ninguém consegue explicar.
Alma? Se há, sabe-se lá.
Todo poema tem pernas,
Perambula por aí,
Passeia, tonto tropeça,
Às vezes, foge de si,
Vadia, vagueia só,
Vagabundo, solto, bêbado,
Às vezes, fratura um osso,
Fêmur, fíbula, uma vértebra,
Ou surge com pé quebrado.
Todo poema tem braços
Rimados ou livres, laça
Vácuos, abraça metáforas,
Atira pedras, as asas
Inventa com as palavras,
Atiça-se , acena adeus.
Todo poema tem olhos
Vendados e bem abertos,
Flerta o que quer, quando quer
Cega, observa, mira, admira,
Penetra através das frestas
Das pupilas, feito luz,
Profundo, no olhar alheio,
Vasculha os nervos, os músculos,
Desvenda-se por ser único
E muitos, todos e tudo
E nada: pálpebras, prisma,
Ponte, precipício, lágrima.
Todo poema tem língua,
Boca, dentes, lábios, glote,
Grita, bebe, come, morde,
Fala, xinga, berra, cala,
Tem a voz aguda ou grave,
Vibra a fibra da garganta
De grafite da memória,
Das páginas apagadas
Do agora: diz o que diz.
Todo poema tem pênis,
Vulva, vagina, testículos,
Ovários, útero, trompas,
Excita e fica excitado,
Transa, masturba-se, goza,
Engravida, aborta, pare.
E como rejuvenesce,
Ninguém consegue explicar.
Alma? Se há, sabe-se lá.
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