quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Adriano Nunes: "Pobre poeta!"


“Pobre poeta!”


Ainda criança, uma dúvida
Logo me alcança: a poesia
Bela era somente aquela
Com rimas ricas feita, era

Apenas aquela de métrica
Perfeita, com a forma única?
Não se devia amor rimar
Com flor, porque, rudes, diziam

Que o verso belo era mesmo o
Que seguia as regras direito.
E, eu, todo ilusão e peito,

Amava rimar flor e amor
Porque o amor era a frágil flor
Que tudo perfuma com luz.
Pobre poeta me supus

Por causa de rígida regra
Que à grã beleza nunca leva.
Agora sou demais feliz:
Rimo amor e flor, como quis!

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